sábado, setembro 20, 2025

A verdade e a falta de transparência

A Assembleia Municipal da Guarda, do dia 3 de setembro de 2025, foi o que se pode chamar para "cumprir calendário".
A lei determina e cumpriu-se!
Para além dos sempre comoventes pedidos de desculpa relativos ao muito de mal que foi a acontecer nestes quatro anos, em tal assembleia, o resto foi um bocejo total.
Salvo a intervenção de um membro, julgo eu, da direção do Grupo de Teatro "Aquilo".
Aplaudo com ambas as mãos a intervenção que desmascarou o que é cultura para o executivo camarário e o seu populismo ordinário. O executivo ainda se mantém fiel à derivação latina da palavra "colere", que significa "cultivar", e se referia ao cultivo de terras e plantas. O executivo devia interiorizar que cultura é o "cultivo de conhecimentos", "de saberes", "de ideias" e, posteriormente, o conjunto de hábitos e capacidades de um povo. No concelho da Guarda, em vez desse desenvolvimento, opta-se por gastar milhões em desporto, equipamentos e apoios da mais variada ordem. O executivo camarário sabe como o desporto esconde as falências da sociedade. Uma espécie de ópio para que os cidadãos se iludam e promove a parasitagem e o profissionalismo de uma atividade que se quer apenas e tão-só lúdica. Pior, muito pior, houve milhões, e continua a haver para os parasitas e profissionais do desporto, mas a cultura não interessou nem interessa ao executivo camarário. Desporto, porcos no espeto, vinho e muita festança para enganar acéfalos. O que interessa é que os cidadãos não pensem, não raciocinem, não questionem, não percebam as aldrabices que vão a ser anunciadas, não se interessem como deveriam, não se informam e não participam como se esperaria da política como meio de procurar soluções para os múltiplos problemas que nos vão a atingir. Impreparados, analfabetos, sem cultura é o como "eles" querem os cidadãos.
É a tal cegueira que tanto citam, só do título de livro sem nunca o terem lido, que serve para iludir imbecis.
A cidadã Clara Canelas foi crítica o bastante ao dizer claramente que o rei vai nu!
Começou por lembrar os 43 anos do Teatro Aquilo, feito por gente da Guarda. "Uma cooperativa cultural com foco na construção e formação artística multidisciplinar". “Os trabalhos produzidos pelo Aquilo nascem na Guarda, moram na Guarda, mas não morrem na Guarda”! Brilhante, vai buscar acéfalo!
A direção do Aquilo trouxe para a Guarda, em três anos, financiamento externo por meio de vários organismos no valor de 85 000 euros. O TRIPLO DO APOIO FINANCEIRO CONCEDIDO PELO EXECUTIVO CAMARÁRIO NO MESMO INTERVALO DE TEMPO.
Basta lembrar que só no desporto o executivo gastou mais de 4 milhões de euros. Em festanças muitos mais milhões. Será que para o executivo camarário pagar milhares a Carreiras e Toy’s é cultura?
Convidam e pagam a peso de ouro artistas de péssima qualidade, mas que agradam à populaça inculta.
Mas para se perceber o interesse do executivo camarário na cultura, e de modo a debater políticas de cultura na sua globalidade e com interesse para o concelho, a direção do Aquilo solicitou, nos últimos quatro anos, DOZE vezes uma reunião com a presidência. E só em final de mandato foi conseguida uma reunião dois dias antes da Assembleia Municipal. Quando já se sabia que o assunto ia ser apresentado. Bravo é assim que dizem “aprender” com quem reúnem e ouvem os lamentos dos atletas, pais e técnicos? Mas que aprendizagem? Ridículos! Não sejam hipócritas. Deixem-se de tretas para enganar acéfalos. A reunião nem foi com o presidente como o fez quando distribuiu os cheques às associações do seu interesse e nomeadamente a hipotéticos desportistas. Ficou-se a saber que Câmara da Guarda não tem Chefe da Divisão da Cultura. Recebidos pela vereação da cultura que com nada se comprometeu e tudo remeteu para o presidente. Todavia, agora é mais candidato do que presidente! O Aquilo desenvolveu e desenvolve um trabalho para a Guarda e para além-fronteiras. Mais uma vez cultura para o executivo camarário é pagar milhares a artistas de péssima qualidade que, imagine-se só, fazem uma cantoria para a campanha eleitoral a favor de quem lhe pagou. Que coisa mais ordinária! O Aquilo solicitou várias reuniões com o executivo camarário, para estabelecer uma coprodução com o Teatro Municipal da Guarda. Só em 2025, foram precisos 5 meses e 2 cartas registadas para serem informados que não ia haver parceria nenhuma com o Teatro Municipal da Guarda. Mas espetáculos de ilusões, muitas ilusões, mentiras e propaganda não faltaram. Cultura para o executivo não existe! “Civismo rima com transparência, honestidade e cooperação”, aprendam!
Quanto à transparência nem é preciso acrescentar muito mais às múltiplas fugas à mesma por parte do executivo camarário.
Estranhamento, ou talvez não, o “NOVO” Regulamento de apoio ao associativismo não contempla a obrigatoriedade por parte do município em tornar públicas as tabelas de avaliação e os valores entregues a cada associação, como foi proposto pelo Aquilo. A divulgação pública foi rejeitada pelo executivo camarário, a tal “cegueira” de que tanto falam!
Os “donos do feudo” ao não permitirem que haja transparência das candidaturas aos apoios anuais e pontuais diz tudo sobre o que dão cobertura.
Será preciso dizer mais alguma coisa? Para esconderem tudo, o executivo declara que tal pretensão entra em conflito com a proteção de dados.
RIDÍCULO!
MAS QUE PROTEÇÃO DE DADOS?
Há que perguntar à Comissão!
A sempre famigerada “proteção de dados” que acoita os parasitas e os seus patrocinadores.
Como as críticas já eram muitas, a voz do “dono” fez-se ouvir. “Acabou-se o tempo”!
FALSO! A interveniente gastou 5 minutos e 24 segundos, ou seja, ainda não tinha atingido os tais 6 minutos.
Dizer-se que se faz o mesmo a deputados e ao presidente é FALSO!
Quantas vezes já ultrapassaram o tempo? MUITAS!
As verdades doem e depois não venham, hipocritamente, com as célebres lágrimas de crocodilo.
Mas havia que não estragar a sessão dos salamaleques, punhos de renda e o baile.
A isto chama-se Assembleia Municipal? Lembrar que o período reservado ao público, gosto da expressão público, a ralé, na Assembleia Municipal permite que cidadãos apresentem pedidos de informação e intervenham sobre assuntos de interesse concelhio. Esqueçam! Só treta.
Mas há ainda mais!
Lembrar que membros da Assembleia, indicados por cada força política, podem complementar a informação solicitada pelo público.
Alguém ousou?
Quem cala consente!
Fico contente que tivesse havido alguém que ousasse enfrentar os “donos do feudo”, coisa rara atualmente.
Parabéns, o nosso reconhecimento e total apoio.
Para vosso bem ouçam a intervenção!