O bullying não é, como alguns fazem crer, um fenómeno novo na escola. Nem de longe nem de perto. Existe há muito. Crianças e jovens são e foram ameaçados por colegas, quer psicologica quer fisicamente dentro e fora dos recintos escolares.
Que dizer das praxes e das manifestações do «poder» dos decanos, com dezenas e dezenas de matrículas, sempre com o «papá» na algibeira?
Dizer-se o contrário é, no mínimo, desconhecer a realidade escolar ou pior, muito pior, querer esconder que nem a polícia segura, nem professores, nem outros funcionários percebem o que quer que seja. Os sinais evidentes de qualquer tipo de agressões, são visíveis, basta estar atento. Só que hoje ninguém está atento. A escola está hoje, como nunca esteve, abandonada. Cada um protege-se e procura não confrontar ou sequer denunciar o que quer que seja. Os medos e os receios são, por mais, evidentes. O medo e o pânico instalaram-se. Os Pais e Encarregados de Educação já há muito que se desresponsabilizaram dos seus deveres. Agora, são todos os funcionários, incluindo professores, que não querem não desejam ser mais do que aquilo que um mísero ordenado os obriga a fazer. Depois, não lhes resta mais tempo do que um servilismo a uns prepotentes directores, feitos e produzidos à imagem do governo, que adoram serem bajulados, lambuzados a quem o serviçal presta todo e qualquer serviço desde sopeiras até moços de recados, para que a avaliação não lhes cause problemas. Fazem tudo e de tudo para agradarem. Só que os directores vivem em redomas de marfim não sabem o que é a vida da escola, não sabem o que é serem professores, já não dão aulas, estão afastados da realidade. Assim, face à incompetência de um Ministério da Educação que criou monstros e mostrengos para se governar e governarem e, que esqueceram as crianças e os jovens. Esquecem uma verdade simples - sem crianças, sem jovens não há escolas. Não é falta de autoridade que existe. Nada disso. Muito menos, como se ouviu a um ignorante político como um tal Ângelo Correia que, deve perceber é de periquitos, que de educação não percebe nada, vir dizer que «a autoridade serve para proteger os mais fracos». Que abdominável e execrável diarreia intelectual. Hoje, como só nos tempos do António ou do Caetano, se assistiu a tanta ditadura nas escolas. É o poder arbitrário dos directos e de toda um séquito de robots e marionetas que nada fazem para além de «gerir» papeis. Nunca, como hoje, houve tantos e tantos «eunucos» a tratar da burocracia. Depois, bem depois, nada se passa. A organização esqueceu-se das vivências e dos problemas da escola. Esqueceu-se o papel do Director de Turma. Esqueceu-se uma figura que devia existir, porque há muito reclamada, por quem ainda vai estando atento a certos fenómenos, que é a figura do tutor. Esqueceu-se e esquece-se que uma criança ou um jovem quando chega à escola traz uma vivência, uma cultura, um saber que nada, mas nada, tem a ver com a do colega da carteira. A escola não é, nunca será, um espaço que se reduz a quatro paredes. Reduzi-la a essa redundância burocrática e teimosamente esquecermo-nos que há vida e, muita vida, para além dos portões de uma escola é estarmos a caminhar para a tal autoridade fratricida que, destrói tudo e todos. Percebam isso.
Hoje, como ontem e, principalmente, no amanhã importa perceber que o «faz de conta», o «estar nas tintas», «o facilitismo» amigo desejável do despesismo contribuem para o agudizar da gravíssima crise em que a escola se encontra. Cada um tem que repensar o seu verdadeiro lugar na escola. Não se precisa de mais e mais legislação como defende o PGR, o senhor de Porto de ovelha. Mais legislação para quê? Assuma-se, definitivamente, a responsabilidade democrática de sabermos valorizar o trabalho de todos. Que se devolva à escola e aos seus protagonistas o poder democrático. Esse sim porque, partilhado, participado e vivido por todos será o que poderá construir uma escola de aprendizagens baseada na divergência étnica, cultural e social sem quaisquer tipos de descriminações. Depois, isso sim, exijam-se responsabilidades.
Hoje, como ontem, ninguém aprende em ditaduras tenham elas as mais variadas faces.
Só isso basta.
Democracia plena: na liberdade de escolher, de ter e fazer.
Perceberam?