De facto, os números são difíceis de não fazerem crer, a quem quer que seja, mesmo aos menos instruídos, que a tarefa dos governos em Portugal foi sempre orientada no sentido de apoio directo à banca.
Numa altura, em que uns quantos servis dos mandantes governamentais, andam a insultar-nos com discursos de bisca lambida que, a crise tem que ser vencida pelos mesmo de sempre, é importante olhar com atenção o gráfico que reflecte os dados publicados, pela Comissão Europeia, sobre os auxílios dados pelos vários Estados Membros da UE aos respectivos sectores financeiros (nos dados relativos a 2008 não estão incluídas as medidas de combate à crise).
As barras a vermelho correspondem a Portugal, as azuis à soma dos restantes países da UE.
O gráfico diz-nos só isto, que nos últimos anos, o Estado Português tem gasto mais com apoios ao sector financeiro (só em 2008 foram 1,3 mil milhões de euros, principalmente através de vantagens fiscais) do que todos os outros países da UE juntos. Para depois, termos de pagar, a roubalheira que se assistiu no verão passado, com roubos, paraísos fiscais, fugas e outros devaneios dos inimputáveis senhores da banca.
Perante isto é mesmo muito difícil aceitar que o governo peça tão pouco ao sector financeiro para o esforço de consolidação orçamental, apostando antes na contenção das prestações sociais, na redução real dos salários e em privatizações sem fundamento.
Difícil de interpretar o gráfico?
Só um acéfalo ou um eunuco não percebe o gráfico.
Os números não enganam e, muito menos nos enganam os coxos mentais dos governantes.