segunda-feira, março 01, 2010

Estamos solidários


Comunicado de imprensa:


A VÍA QUE TRAZIA VIDA

(25 anos do encerramento da Linha de La Fuente de San Esteban a Barca d´Alva e
 22 anos da Barca d’Alva ao Pocinho)

Enterro simbólico das vontades institucionais.

7 de Março, Ponte Internacional Ferroviária

Passaram anos de esquecimento e abandono. Esquecimento sobre esquecimento.
Oportunidades perdidas para uma população que as não tem.
Dizemos ser europeus, mas uma extraordinária obra de engenheiros construtores de túneis e pontes, é presa da ferrugem, da negligência e da barbárie. Outras ferrovias abandonadas, sem o estatuto de “Bem de Interesse Cultural”’, estão a ser reaproveitadas para fins turísticos na França, Suiça, Bélgica, Alemanha…
Os governantes portugueses já assinaram um compromisso de reabilitação desde o Pocinho a Barca d´Alva!
Os nossos actuais políticos não são aqueles que numa época exaltada, de rupturas sociais e económicas (estávamos na década de 1880), sonharam em trazer o progresso e o bem estar à região através desta infra-estrutura.
Aqueles sim, os de agora não. Não, não podemos estar-lhes gratos. Não o merecem.
São o reflexo de uma sociedade imobilista, conformista, passiva, carente de ideias e compromissos…
No próximo dia 7 de Março, pelas 13 horas, em Barca d´Alva, junto aos pilares da ponte internacional ferroviária, convidamo-los a participar no “enterro simbólico das vontades institucionais”, que durante todo este tempo viraram as costas, de diferentes maneiras, a esta realidade única da Raia.
Este acto central, será acompanhado de diversas actividades para as quais estão igualmente convidados (instalações, teatro de rua, fotografia e projecções).
Pretendemos assim promover e consciencializar, de forma amável, a defesa do rico e excepcional património industrial constituído pela Linha do Douro/Duero, entre o Pocinho - Barca d’Alva / La Fuente de San Esteban - Boadilla, cujo último troço está classificado como “Bien de Interés Cultural”, com a categoria de “Monumento”.
Não se trata somente duma manifestação de defesa com vista à preservação desse património, para o poder legar ás gerações futuras, mas também uma forma de tentar romper uma dinâmica que, ao longo de décadas de imobilismo, ou quando muito de tímidas actuações, não parecem concluir mais do que a ausência de projectos reais de futuro e que, portanto, condena esta infra-estrutura ao abandono.
A exploração e a reutilização deste magnífico recurso patrimonial, tem todas as condições para se converter numa mais-valia económica, que traria benefícios directos às populações locais, ao propor um enfoque diferente e singular de atração turística, cultural e lúdica, de primeira ordem.
Talvez o espírito dos nossos governantes do século XIX se reencarnem algum dia. E isso será bom, porque indicará que também nós mudámos e transformámos a realidade que nos rodeia. Então, em frente ao Douro, poderemos desenterrar as vontades, já convertidas em realidade.

Colectivo Camino de Hierro, 1 de março de 2010.

*Colectivo Camino de Hierro*

portavoz en España: *José Andrés Herrero*
portavoz em Portugal: *Carlos d'Abreu *