Transcrevo aqui uma parte de um texto de São José Almeida, publicado no Público de 28 de Outubro de 2006, que expõe ideias interessantes relativas à questão do trabalho precário e dos sindicatos.
"Um dos aspectos essenciais do neo-liberalismo é o aumento de salários e novos abonos para gestores e administradores e reduções salariais para todos os outros. "Salários" dos trabalhadores são assim "custos" que "naturalmente" têm que ser reduzidos, excepto para essa nova elite que alguns investigadores consideram uma nova classe social surgida da transformação do capitalismo reformista em capitalismo financeiro.
E, perante essa nova elite superior socialmente, essa nova upper class, há uma nova classe trabalhadora em formação na Europa, que mais não é do que uma regressão em termos históricos e que consiste no regresso da generalização do trabalho precário, o novo precariado, na expressão que ouvi há dias a uma pessoa amiga. É o nascimento deste novo tipo de trabalhador, ou a resistência em aceitar esta nova condição, que pode determinar o que é a luta social na Europa actual.
Resta agora saber como esse novo precariado se organizará e resistirá. Uma coisa parece certa - historicamente esse papel, nas sociedades contemporâneas, coube e cabe aos sindicatos. A expectativa é a de ver se e como os sindicatos conseguem reinventar-se e adaptar-se aos novos tempos, ultrapassando erros do passado, ao perderem de vista a dimensão social e política do projecto sindical, obedecendo, por vezes, a negocismo e aparelhismo."
Sem comentários:
Enviar um comentário