domingo, outubro 22, 2006

Quem tem medo de Virginia Woolf?


CulturGuarda duplicou dívida à banca.
A empresa municipal continua a endividar-se, sem que o plano de reestruturação, anunciado pelo presidente da Câmara, tenha tido algum resultado prático.
O passivo da empresa que gere o TMG (Teatro Municipal da Guarda) já é superior a 482 mil euros.
O presidente da Câmara da Guarda, também presidente do Conselho de Administração (CA) da CulturGuarda, pondera reduzir «ainda mais» o quadro de pessoal da empresa municipal de forma a diminuir o seu desequilíbrio orçamental.
Mas, entretanto, Joaquim Valente, presidente do CA, assume que vai ter que transferir mais dinheiro para compensar a perda de mais de metade do capital social e evitar a dissolução da empresa, ao abrigo do art.º 35 do Código das Sociedades Comerciais.
Tudo se precipitou com a saída do director financeiro da sociedade gestora do TMG. Ao que consta, parece não ter resistido a mais um balanço negativo da CulturGuarda. O director finaceiro regressou aos serviços municipalizados de Água e Saneamento da autarquia(SMAS), após ano e meio na gestão do Teatro Municipal da Guarda.
Água por água o SMAS é mais adequado!
Em sua substituição foi nomeado Américo Rodrigues, que passou a acumular aquelas funções com as de director artístico.
O sr. director é um verdadeiro todo poderoso na CulturGuarda e não só.
Aquando da construção do TMG, já todo o concelho sabia que o lugar de director geral era seu.
Porquê?
Porque não se abriu concurso público para o lugar?
Director de uma companhia de teatro, totalmente financiada pela câmara, usava e abusava da prepotência sobre tudo e todos.
A Câmara encolhia-se perante tal personalidade.
Todos os que o enfrentavam sofriam ameaças, perseguições, chantagens, caluniados por cartas anónimas!!!
Centenas de projectos culturais foram parar ao caixote do lixo, porque o sr. todo poderoso entendia que só o que ele fazia ou mandava fazer tinha valor.
Um verdadeiro clima de terror na «sua» companhia de teatro.
Mas, a câmara continua a vergar-se, impotente, perante tal personagem.
Porquê?
Para que o poder do sr. ainda seja maior, são lhe atribuídas novas e mais funções.
Director artístico e....Director Financeiro.
Tudo a seus pés!
Quero, posso e mando!
A mudança é desvalorizada pelo presidente da câmara, para quem tudo não passou da «transferência» de um funcionário da Câmara.
«É uma medida para ajudar a equilibrar as contas da CulturGuarda, onde a sua permanência já não se justifica, pois há técnicos suficientes para fazer a gestão daquela casa(????)», explicou, recusando falar em demissão.
Segundo consta, pois estas coisas não são dadas a conhecer à Assembleia Municipal, vá-se lá saber porquê, o director financeiro saiu em conflito dentro da empresa municipal ou com o Conselho de Administração.
Trabalhar com o sr. todo poderoso é impossível!!
No entanto, o lugar do director financeiro– entretanto incompatibilizado com o sr. todo poderoso– ficou a prazo desde que foi conhecido, em Junho último, o balanço dos primeiros nove meses de actividade do TMG.
O problema é que o relatório de contas do primeiro semestre deste ano não é melhor.
Divulgado na última reunião do executivo, o documento revela um Resultado Líquido Negativo de 214 mil euros e um passivo superior a 482 mil euros – quando era de 321 mil euros em Dezembro de 2005.
Neste período, a empresa ficou mais endividada junto da banca (228 mil euros, contra os 100 mil contratualizados no primeiro ano de funcionamento), enquanto as dívidas a fornecedores passaram de mais de 77 mil euros no final de 2005 para 98.795 euros em 30 de Junho último.
O executivo da Câmara da Guarda está «agora» mais preocupado com a saúde financeira da CulturGuarda. «Não vamos esconder a cabeça na areia, há problemas financeiros e a situação é preocupante», admitiu o vereador Virgílio Bento na última reunião. O vereador responsável pelo pelouro da Cultura, e vogal no CA da empresa municipal, considera que este último relatório de gestão «mostra que há problemas com os custos permanentes do equipamento(?)».
Curiosamente, segundo o relatório, apenas o parque de estacionamento deu lucro (6.890 euros), pois até a exploração do café-concerto não tem saído do vermelho. Recorde-se que no último relatório e contas até a máquina do tabaco deu prejuízo!!!!!!
Pois não admira, desde festas à borla para os amigos, até dezenas de funcionários, todos «devidamente» contratados, o descalabro tinha que se dar.
Desta vez, o passivo é de quase 8 mil euros, isto sem pagar rendas ou ter custos de manutenção, totalmente suportados pelo proprietário do complexo, a Câmara Municipal.
A solução, sr. presidente, passa por atitudes enérgicas por parte da câmara:
1.º - dissolução da empresa municipal e sua integração na câmara municipal; poupavam-se algumas centenas de euros, com os cargos de presidente e vogais do Conselho de Administração.
2.º - definição clara e objectiva de um plano de recuperação económico-financeira de todo o passivo da empresa extinta;
3.º - abertura de um concurso público para os lugares de gestor financeiro e artístico com a obrigatoriedade de ser cumprido um plano programa, a definir pela câmara, onde os objectivos fossem claros e transparentes, nunca perdendo de vista a vertente cultural, mas de forma abrangente, formativa e aberta a projectos de jovens da região.
Assim o queira a câmara.
Caciquismos, medos e submissões já chegam que bastem!!!

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