segunda-feira, abril 26, 2010

Precários

Em cada dez novos empregos, nove são precários e raras vezes desembocam em contratos permanentes.
São sobretudo ocupados por jovens, por norma mais qualificados, o que distorce a regra segundo a qual mais instrução melhora a situação profissional.
O facto de a esmagadora maioria dos empregos criados serem precários e ocupados pelos mais habilitados. Segundo um estudo recente que defende que a educação traz benefícios para quem a tem (salários mais altos) mas, sobretudo, para a sociedade, no entanto os empregos continuam a ser precários.
Entende-se que, as políticas públicas devem incentivar a educação e eliminar factores que distorçam esse objectivo. Entre eles está um mercado de trabalho "bastante segmentado", ou seja, em que os empregos nos quadros das empresas, geralmente ocupados pelas gerações mais antigas e menos qualificadas, são mais estáveis do que os que vão sendo criados, na maioria precários e ocupados por jovens, por norma mais qualificados. Desta forma, os jovens não vêem recompensado o esforço feito na sua qualificação.
Além disso, conclui o estudo, a política de impostos não incentiva as pessoas a prosseguir estudos. "O sistema fiscal deve discriminar positivamente aqueles que investem em níveis mais elevados de educação".
Em Portugal, contudo, as deduções de despesas de educação no IRS são iguais, independentemente da formação. Para mais, o Programa para a Estabilidade e Crescimento apresentado pelo Governo em Março reduz, precisamente, o valor das deduções com despesas de educação. "É surpreendente a omissão deste argumento do debate" acerca da tributação da educação.
"Políticas que aumentem o custo da educação através dos impostos podem levar a maiores receitas fiscais no curto prazo, mas fá-lo-ão com o custo, a médio e longo prazo, de níveis mais baixos de educação e, consequentemente, de menor crescimento económico".
Ter "canudo" não é qualificação
Instrução não é sinónimo de qualificação.
Com formações precárias e de qualificação duvidosa criaremos a mão de obra barata da Europa.
Não se duvide.
Ou se muda o paradigma da exigência ou estaremos condenados aos piores salários e aos trabalhos menos qualificados.