PC quer dizer Passos Coelho, só isso.
No congresso da consagração, é assim que agora lhe chamam, depois da vitória das directas anunciam-se.
Anunciam-se as listas dos confrades.
Anunciam-se os anunciantes.
Anunciam-se os presentes mas, principalmente, os ausentes.
Anunciam-se os carros, topo de gama como convém, que estão a interromper a circulação.
Anunciam-se aos mais acalorados que não há ar condicionado.
Anunciam-se os abraços, beijos e reconciliações, tudo a bem do poder.
Anunciam-se os preços dos nabos, cenouras e tomates.
Anunciam-se os valores na bolsa de cada figurante.
Anunciam-se que há uns que se vendem com honrarias, outros por amendoins.
Anunciam-se tomadas de posse, com fato e gravata, sem nódoa, que amanhã tem que se entregar na loja dos préstimos.
Hoje, lembrei-me deste texto do Carlos Drumond de Andrade.
Vá-se lá saber porquê?
« Chegou ao Palácio e disse que queria tomar posse.
- Posse de quê? perguntaram-lhe.
- De tudo. De qualquer coisa. Eu quero é tomar posse.
- Todos os lugares estão ocupados. O senhor chegou tarde.
- Atrasei-me por causa da greve dos alfaiates, pois eu não podia tomar posse com uma roupa qualquer. Agora estou convenientemente trajado e venho empossar-me.
- Já lhe dissemos que não há mais nenhum lugar vago. Não só foram todos preenchidos como há uma relação de 250 mil aspirantes a substituir alguns dos titulares que eventualmente se afastarem por motivo de reumatismo ou esclerose cerebral.
- Posso inscrever-me como 250 mil e um aspirante? Talvez sobrevenha um terramoto e eu, se der sorte, passarei ao primeiro lugar e finalmente me darão posse.
- Nunca. Todos os terramotos estão previstos, todas as inundações, etc.
Escapará muita gente e haverá no máximo vinte substituições em nossos quadros. Portanto, o senhor jamais será aproveitado. Venda o seu terno escuro e passe muito bem.
Voltou para casa e, à falta de outra coisa, tomou posse de si mesmo.»