domingo, novembro 26, 2006
"Os preconceitos têm mais raízes do que os princípios."
Realizaram-se na semana passada, na Guarda, dois encontros relacionados com o património.
Um, sobre o património raiano, outro sobre os critérios de intervenção no património religioso.
O director do IPPAR, organismo que tem sede em Castelo Branco, declarou que « a pedagogia é a melhor forma de preservar e conservar o património», no que foi secundado por Regina Anacleto, da Universidade de Coimbra, que afirmou alto e bom som, « ...de nada vale a legislação se não houver alfabetização junto dos políticos, Igreja e populares».
As orelhas de muitos dos presentes, em especial dos governantes, ficaram a arder.
É que de legislação muito bonita, arquitectada em fundamentos filosóficos com laivos de vanguardismo, para escamotear a realidade e sem resultados práticos, estamos todos fartos.
Basta!!!
Concorda-se que faz falta a regulamentação da Lei Quadro do Património.
Faz, sim senhor!
Mas, quem ganha com a sua desregulamentação?
A especulação imobiliária, os empreiteiros, as câmaras e todos os que fazem do património um negócio, pessoal e coorporativo.
Mas, para além da existência de uma Carta Municipal do Património, urge o Regulamento Municipal do Património, tendo sempre presente que mais importante que regular importa saber recuperar e principalmente preservar, não caindo na tentação de se aumentar incomensuravelmente a área urbanística, roubando ao rural espaço, enquanto o citadino é abandonado.
Alterar o PDM só para gáudio dos empreiteiros e não ter em conta o património já edificado que necessita de reabilitação, é falta de cultura e falta de prespectiva de futuro.
É hipotecar o presente para comprometer irremediavelmente o futuro.
Analisar o património apenas e tão só na lógica ecomomicista é campo aberto à ganância e adulteração dos «negociantes» sem escrúpulos.
Procurar-se uma carta transfronteiriça para divulgar e rentabilizar o diverso património histórico existente nas zonas raianas de Portugal e Espanha é a aplicação da lei de Gresham.
Ou seja, muito em breve a Espanha estaria fora da carta, dado que facilmente compreenderia que da forma como por cá se tratam as coisas do património, não lhes era vantojosa a continuidade no projecto.
Aceitando Pedagogia, como a ciência ou disciplina cujo objetivo é a reflexão, ordenação, a sistematização e a crítica do processo educativo, convinha senhor director, começar desde já a educar muitos dos governantes para a problemática do património.
Alfabetização precisa-se!!!
Já, antes que seja demasiado tarde, tarde demais.
Para que o processo não seja irreversível.