domingo, novembro 19, 2006

A cor do dinheiro


Segundo o semanário Sol, o primeiro-ministro Sócrates «chamou» terça-feira a São Bento o Procurador-geral da República (PGR), por estar «preocupado com a imagem negativa da banca» no âmbito do processo Operação Furacão.
De acordo com o jornal, no almoço estiveram presentes o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e o ministro da Justiça, Alberto Costa.
Num comunicado o PGR esclarece tudo.
Afinal o PGR « foi recebido pelo primeiro-ministro, ministro das Finanças e ministro da Justiça com vista à análise de meios necessários e indispensáveis a um combate eficaz à criminalidade económica».
«Foi e é a preocupação do PGR a obtenção de um reforço de meios que torne possível conseguir resultados em tempo útil», diz a nota.
Segundo a Procuradoria-geral da República, «reuniões semelhantes têm ocorrido entre membros de anteriores governos e anteriores PGR com idênticos fins».
Alguns considerandos à notícia.
Primeiro, não gosto deste Sol, prefiro o que todos os dias nasce e quando nasce ainda é para todos.
Depois a notícia é confusa.
O primeiro-ministro «chamou» por causa de uma «chamada» ou a «chamada» é que «chamou»? Esclareçam.
Depois a questão do almoço.
Bem aqui, quer o PGR quer o semanário estão de acordo, houve almoço.
Almoço, jantar ou até um encontro na «tasca» a comerem pasteis de bacalhau, pouco importa.
Mas houve almoço.
Depois o comunicado do PGR é ainda pior que a notícia.
Se o PGR se dá ao trabalho de responder a uma notícia ainda por cima do Sol, então a coisa é grave, muito grave. Sim, porque ninguém vai andar a emitir comunicados só pelo facto de uns quantos senhores terem resolvido almoçar. Nada disso!
Lendo o comunicado do PGR é notório que quem recebeu foi o primeiro-ministro, ou seja o PGR foi recebido. E os ministros receberam ou foram recebidos? E por quem?
Esclarecido quem convidou quem.
O PGR diz que o almoço com o primeiro-ministro e os ministros, foi «com vista à análise de meios necessários e indispensáveis a um combate eficaz à criminalidade económica».
Pois, o Marquês de Pombal quando queria pedir dinheiro aos franceses convidava-os para umas patuscadas, dizia o marquês que deste modo conseguia sempre o que queria.
Ele, marquês, sabia-a toda!
Pelos vistos «foi e é a preocupação do PGR a obtenção de um reforço de meios que torne possível conseguir resultados em tempo útil».
Claro que foi. Veja-se o caso do envelope 9.
Mas, o mais preocupante ficou para o fim, é que diz o PGR que, «reuniões semelhantes têm ocorrido entre membros de anteriores governos e anteriores PGR com idênticos fins».
Cá está a cereja no cimo do bolo.
Justificar o almoço com outros almoços, não parece argumento válido.
E, se os fins foram noutros almoços os mesmos deste então não havia necessidade de almoçar com os ministros.
Sócrates e Teixeira dos Santos não iriam gastar dinheiro num almoço só para ouvir o PGR a pedir mais verbas.
O resultado dos almoços anteriores foi nulo. Nunca houve os meios necessários e indispensáveis a um combate eficaz à criminalidade económica, nem se obteve um reforço de meios que tornasse possível conseguir resultados em tempo útil, conclui-se.
Assim sendo, qual a razão do almoço?
Pois é!!!! Tudo explicado.
Dúvidas? Só de saber de que constou a ementa!!!!
Teria havido azia para alguém?
Isto anda tudo ligado.....é a cor do dinheiro, bem de ver.