Hoje apetece-me recordar Álvaro de Campos. Muito provavelmente o mais enigmático e complexo dos heterónimos de Fernando Pessoa.
Há dias assim!O niilismo, a negação absoluta, a náusea, o pessimismo, a revolta, tudo sempre numa linguagem coloquial. Uma descrença de estar no mundo.
O "engenheiro naval" Álvaro Campos dá esmola a um pedinte, mas logo percebe que o gesto é mais sobre si do que sobre o outro.
Ser, no fundo, “vadio e pedinte”, para ele, não é viver na rua… é viver à margem do mundo, fora das regras e das ilusões sociais.
Campos é o protótipo do homem moderno: sensível demais para suportar o vazio, lúcido demais para se enganar.
Será?