Um doente que receba um vale cirurgia pode ter que se deslocar para uma unidade hospitar que se situa a centenas de quilómetros da sua residência e ter que pagar as despesas de alojamento se a tal for obrigado, como por exemplo, o tempo para a cirurgia, o tempo a que se leva a fazer os exames para a cirurgia e depois o controlo pós-cirurgia.
Também é preciso ter em conta que muitos dos doentes que recebem vales cirurgia são idosos com idade avançada e necessitam de encontrar um acompanhante. E a disponibilidade de familiares nem sempre é possível.
Face a todos estes condicionalismos muitos vales cirurgia são recusados. Só no ano passado, segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde quase 80% dos vales emitidos foram recusados.
Face a todos estes condicionalismos o sistema penaliza o doente se recusar o vale cirurgia por duas vezes, e ficarão à mercê da capacidade e da lista de espera do hospital onde são acompanhados. Ou seja esperar até ao dia de S. Nunca.
Mas o caricato pode acontecer.
Imagine-se que recebeu um vale cirurgia emitido pelo sistema. E que um dos hospitais indicados no vale é uma unidade perto da sua residência. Naturalmente que irá escolher esse hospital. Pode acontecer!
Mas também pode acontecer que o médico indicado para realizar a cirurgia é o seu médico acompanhante. Fim de linha. Não lhe é permitida a realização da cirurgia.
Só num país de acéfalos tal acontece.
Mas há ainda uma outra situação.
A lei proíbe que os médicos do mesmo serviço do hospital do SNS que não tem capacidade para operar um doente, o possam fazer no privado através do SIGIC.
Através do SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia) não o podem realizar mas se for o doente a pagar a cirurgia do seu próprio bolso, aí já pode ser realizada.
As incongruências de um sistema que prejudica sempre os doentes.