E
que tal, os senhores professores de Português (deveria ser de Língua
Portuguesa) lerem e comentarem com os vossos alunos este texto?
De
certeza que muito haveria a aprender.
Desde
logo perceber quão importante é a partilha de textos que se encontram
disponíveis na Internet.
Ficar-se-ia
a perceber, pelo menos, a importância da Internet na Educação.
Ou
será que a acefalia de uns quantos não consegue descobrir as enormes potencialidades
da Internet num qualquer processo de aprendizagem?
Fiquem
com o vosso tacanho hábito de não saber que, felizmente, «ela move-se»!
«Por
favor, não matem o Português
20.10.14
Na caixa de
comentários deste blog, e na internet assim em geral, dou de caras com erros de
português que fazem com que me benza 14 vezes e me pergunte o que é que a
grande maioria andou a fazer na faculdade. Posto isto, vale muito a pena ficar
a conhecer os "15 erros de português que parecem de putos da
primária", uma compilação brilhante reunida pelo site Cultura X.
Depois disto, ai de quem se atreva a trocar um "à" por um
"há". Estou de olho em vocês.
1.
Hades
“Hades cá vir
bater à porta! Hades, hades”! Não, não hades. Porquê? Porque Hades é um deus da
mitologia grega, o deus dos mortos, e nada mais do que isso. A forma correcta
desta expressão é ‘hás-de‘, que deriva do verbo haver (como podes verificar nos diapositivos
seguintes, este verbo safado é causador de muita confusão desnecessária). A
expressão ‘hadem’ também não significa o mesmo que hão-de, e essa nem
sequer é um deus grego. É só mesmo uma palavra inventada e feia.
2.
Trás/Traz
A cada dia
que passa, lá vemos um pontapé nestas duas palavras que nada têm que ver uma
com a outra. Façam lá o favor de aprender: ‘trás’ é o contrário de ‘frente’ e
‘traz’ é uma conjugação do verbotrazer, na 3ª pessoa
do singular. Não podem confundir, porque estão tão relacionadas uma com a outra
como a Manuela Moura Guedes está relacionada com o avião desaparecido da
Malaysia Airlines. “Traz-os-Montes”? Não! Ninguém traz os montes! “Ele trás o
carro” também não está minimamente correcto.
3.
Morto, morrido, matado
Apesar de
aparecer muito frequentemente na internet e até na televisão (é triste, mas é
verdade), a expressão “depois de ter morto a
mulher” está completamente errada! Morto é a condição de não estar vivo,
simplesmente. Ponto final, não há outro uso para esta palavra. O que se deve
dizer é “depois de ter matado a
mulher”, que, apesar de ser feio e de até soar ligeiramente mal, está mais do
que correcto! Portanto parem de dizer “ter morto”. Quem está morto é o
Português, por causa deste tipo de coisa. O mesmo se aplica a outros verbos,
como, por exemplo “ter limpo”/”ter limpado”.
4.
Crer/querer
Nós cremos
que não fazem por mal, mas queremos fazer o reparo na mesma. Há por aí muita
gente que, infeliz e injustificadamente, não sabe a diferença entre os
verbos querer e crer. Pois o Cultura
X está cá para explicar: crer é o mesmo
que acreditar, e não é, de todo, sinónimo de querer. Ok? Como sabes, dizer “eu
creio” não é a mesma coisa que dizer “eu quero”. “Ó mãe, eu hoje creio comer
hambúrguer” não faz sentido, pois não? Então não confundas estes dois verbos,
para o bem de todos nós.
5. Mais
bem, mais bom
E esta? Ui,
menino! É certo que, em algumas situações, “mais bem” ou “mais bom” devem ser
substituídos por “melhor”. NO ENTANTO, isto nem sempre acontece! Dizer coisas
como “isto está melhor escrito” é tão errado como piratear e publicar fotos
privadas das celebridades. A expressão correcta é – e sempre será – “isto
está mais bem escrito”! Pode ser?
6.
Hífenes
Todos os dias passamos pelo Facebook e vemos um monte de palavras nas quais tu
colocas-te um hífen onde não o havia. Já agora, não reparaste em nenhum erro na
frase anterior? Então foste mesmo tu, seu/sua delinquente!
Por favor,
não confundam ‘passas-te’ com ‘passaste’, ‘colocas-te’ com ‘colocaste’ e muito
menos ‘passamos’ com ‘passa-mos’.
‘Colocaste’ está no Pretérito Perfeito e o equivalente na 1° pessoa é
‘coloquei”. ‘Colocas-te’ está no Presente do Indicativo e o equivalente na 1°
pessoa será ‘coloco-me’. Já de ‘passamos’ para ‘passa-mos’, altera-se o modo, o
tempo, e até a pessoa!
Este é o erro mais comum na net, o mais absurdo, o mais horrível, e o que mais
vontade dá de pontapear o ecrã do computador.
Tirar hífenes de onde deviam estar, fazendo o processo oposto, é um atentado
igualmente grande.
7. Há /
à / á
Não há aqui nada que enganar (ou, pelo menos, não era
suposto haver). O primeiro é uma conjugação do verbo haver, o segundo é uma contracção e o terceiro é
estúpido.
Quando
dizemos “Já vi esse filme há uma semana”,
estamos a dizer que já passou uma semana desde que vimos o filme, utilizando o
verbo haver para o efeito. Dizer “à uma semana” é ridículo, pois o à é simplesmente uma contracção da
preposição a com o artigo
definido/pronome demonstrativo femininoa, e usa-se
apenas em frases como “amanhã vou à praia”. A
terceira opção, o á, é apenas estupidez, porque
nem sequer existe como palavra, isolado.
Entendido?
“Não vou há praia à uma semana” está, portanto, completamente errado.
8. Ç
Por vezes,
vemos pessoas a escrever frases inspiradoras no Facebook, ou mesmo a partilhar
imagens com frases que já têm centenas de partilhas, e aparece, lá no meio, uma
“palavra” bela: “Voçê”. É um dos grandes problemas dos jovens, apesar de todos
terem sido ensinados em condições no primeiro ou segundo ano de escolaridade.
A regra é a
seguinte: um C lê-se sempre como um Q, excepto quando se encontra
antes de um e ou de um i, casos em que se lê como “ss”. Ou
seja, sempre que vem antes de um e ou de
um i, nunca leva cedilha! NUNCA. Portanto, chega de
“voçês”, chega de “apareçe” e de coisas semelhantes.
9.
Assério
Algumas
pessoas decidiram pegar na expressão “a sério” e fundir as duas palavras,
formando a magnífica palavra “assério”, ou mesmo, em casos mais extremos,
“acério”, ou “asério”, que nem sequer se lê da mesma maneira (estamos a contar
o tempo até começarem a escrever “açério”). Aparece várias vezes nas redes
sociais e não fazemos ideia de onde foram desencantar isto. Fomos verificar e,
no teclado do computador, a letra S nem sequer está próxima da barra de
espaços, pelo que não pode ser um erro de tipografia. Por favor parem com isso.
De cada vez que o fazem, morre um panda na China. Assério!
10.
Concerteza
Mais duas
palavras unidas, mais um pobre panda morto. Pouco há para dizer também acerca
desta palavra, mas com certeza que
está errada. A expressão correcta é como acabámos de a escrever, com duas
palavras separadas, pelo que “concerteza” é apenas obra do demónio.
11. Já
mais
Só para que
não digamos que só andam aí a fundir palavras à toa, o pessoal presenteia-nos
com esta relíquia, que é precisamente o oposto. Decidiram, então, pegar na
palavra ‘jamais’ e separá-la em duas, que por acaso existem mas não cabem onde
as tentam meter. Ouçam: quando querem dizer que nunca, nunca irão fazer
determinada coisa, escrevam “jamais”, tudo junto. “Já mais” só pode ser
utilizado em frases como “já mais tarde, fui ler o Cultura X”, ou algo do
género.
12.
Vez/vês
A confusão
entre estas duas palavras também é ligeiramente carcinogénica. “Também vez a
Guerra dos Tronos?” e “Só vi uma vês” são duas frases que, portanto, não têm
jeito absolutamente nenhum. ‘Vês’ é uma conjugação do verbo ver e ‘vez’ é o singular de ‘vezes’. Não são a
mesma coisa, nem de longe nem de perto.
13. Não
tem nada haver
O verbo haver é, como já vimos, causa de muita confusão na
cabeça de quem não é muito bom nesta coisa da escrita. “Não tens nada haver com
isso!”, dizem eles, mas nós temos que intervir, para impedir um severo
apocalipse linguístico. Gente, a expressão escreve-se “não tens nada a ver com isso”, caso queiram usar essa forma,
que, apesar de ser um galicismo, está correcta. Ainda assim, será melhor dizer
“Não tens nada que ver com isso”! E sim,
nós, enquanto cidadãos preocupados com a saúde de quem lê aquilo que escrevem,
temos muito “haver” com isso.
14.
Poder/puder
Aparentemente,
existe por aí uma enorme dificuldade em entender a diferença entre estas duas
palavras mas o Cultura X, como vosso amigo que é, vai explicar: puder lê-se “pudér” e poder lê-se “podêr”. Isto, sozinho, já deve ser
suficientemente explicativo mas, como mais vale prevenir do que remediar,
explicamos ainda mais: deve-se usar o ‘puder’ apenas em frases como “se eu puder ir”, sendo ‘poder’ a palavra adequada
em todas as outras situações, incluindo “não devo poder ir”.
15.
Vírgulas
Não, desta
vez a palavra não está mal escrita. Queremos só dar um pequeno reparo nas
vírgulas horrivelmente colocadas. Nunca, nunca, “já mais” se separa o sujeito
do predicado de uma frase com uma vírgula (ex.: a minha mãe, foi ao
supermercado) e também não se colocam os atributos das palavras entre vírgulas
(ex.: a sua, belíssima, mulher). Pode ser?
Agora
resta-nos esperar que isto resulte! Façamos com que acabe o terror do português
que parece um dialecto da Papua Nova Guiné. Contamos com a tua ajuda para
mostrar isto à nossa gente!»
GOSTEI.
Será que alguém faz chegar o texto a um [C]rato?