domingo, abril 09, 2023

Um verdadeiro caos para utentes que recebem os vales para cirurgias.

Um doente que receba um vale cirurgia pode ter que se deslocar para uma unidade hospitar que se situa a centenas de quilómetros da sua residência e ter que pagar as despesas de alojamento se a tal for obrigado, como por exemplo, o tempo para a cirurgia, o tempo a que se leva a fazer os exames para a cirurgia e depois o controlo pós-cirurgia. 
Também é preciso ter em conta que muitos dos doentes que recebem vales cirurgia são idosos com idade avançada e necessitam de encontrar um acompanhante. E a disponibilidade de familiares nem sempre é possível. 
Face a todos estes condicionalismos muitos vales cirurgia são recusados. Só no ano passado, segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde quase 80% dos vales emitidos foram recusados. 
Face a todos estes condicionalismos o sistema penaliza o doente se recusar o vale cirurgia por duas vezes, e ficarão à mercê da capacidade e da lista de espera do hospital onde são acompanhados. Ou seja esperar até ao dia de S. Nunca. 
Mas o caricato pode acontecer. 
Imagine-se que recebeu um vale cirurgia emitido pelo sistema. E que um dos hospitais indicados no vale é uma unidade perto da sua residência. Naturalmente que irá escolher esse hospital. Pode acontecer! 
Mas também pode acontecer que o médico indicado para realizar a cirurgia é o seu médico acompanhante. Fim de linha. Não lhe é permitida a realização da cirurgia. 
Só num país de acéfalos tal acontece. 
Mas há ainda uma outra situação. 
A lei proíbe que os médicos do mesmo serviço do hospital do SNS que não tem capacidade para operar um doente, o possam fazer no privado através do SIGIC. 
Através do SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia) não o podem realizar mas se for o doente a pagar a cirurgia do seu próprio bolso, aí já pode ser realizada. 
As incongruências de um sistema que prejudica sempre os doentes.