Os documentos são muitas das vezes escritos pelo FMI e enviados a Portugal para assinar. Provavelmente sem opção de escolha.
É esta a nossa soberania?
Desde Maio de 2011, várias acusações têm sido feitas ao Governo Português relacionadas com excesso de subserviência a troika (FMI/BCE/CE).
Estas acusações encontraram desde logo ampla justificação na não-disponibilização do Memorando de Entendimento em língua portuguesa mas várias pessoas, movimentos sociais, e agentes políticos têm ido mais longe e com frequência questionado os membros do Governo sobre a efectiva soberania do estado Português durante as negociações com a Troika.
E hoje anunciada aquela que pode bem ser a primeira prova concreta de efectiva subserviência do Governo Português aos elementos da Troika durante as negociações.
Um grupo de pessoas investigou a fundo os documentos apresentados pelo Governo na página oficial de Memorandos, analisando as propriedades dos mesmos, as datas em que foram emitidos os respectivos PDFs e quem os emitiu.
A conclusão é no mínimo surpreendente: várias das cartas de intenções enviadas ao FMI e ao BCE/EC assinadas pelo Ministro da Finanças e pelo Governador do Banco de Portugal e divulgadas no site oficial do Governo Português foram emitidas directamente a partir de computadores dos parceiros da troika.
ISSO MESMO!!!Esta situação é facilmente demonstrada olhando para as assinaturas dos respectivos PDF's que podem ser consultadas depois de fazer o download do ficheiro e olhar para as respectiva propriedades/properties.
No ecrã surge então o nome do proprietário do computador onde foi emitido o PDF.
Exemplo: ficheiro do site oficial referente à quarta revisão com o nome “Attachment I: Portugal – Letter of Intent (FMI)”Propriedades do ficheiro, onde se pode ver o nome do mesmo:
Pensas que é coincidência? Testa com outros ficheiros. Vários aparecem com outros nomes, e apenas alguns com um nome Português.
As assinaturas presentes nos PDF´s das cartas e documentos do memorando inicial, infelizmente, não são visíveis. Tendo em conta que “por omissão” a maioria dos programas de computador colocam assinaturas nos respectivos ficheiros, tudo leva a crer que em Maio de 2011 o Governo Português (ou talvez por um dos parceiros da troika) teve particular cuidado na produção dos PDFs (limpando as propriedades e autores dos mesmos), cuidados esses que veio posteriormente a relaxar.
Face a isto, é legítimo questionar: Trata-se de uma negociação ou apenas de uma assinatura de documentos escritos por credores internacionais? Soberania, qual soberania?