Setenta por cento das habitações da Guarda apresentam, no seu interior, níveis médios de radão acima do valor máximo legalmente recomendado, que é de 400 becquerel por metro cúbico.
A maioria tem valores que rondam os mil e há até casos em que os números ultrapassam os três mil.
No total, entraram no estudo 185 casas da cidade da Guarda e aldeias periféricas, onde foram colocados pequenos aparelhos, detectores passivos deste gás radioactivo.
Estes dosímetros, que permaneceram no interior das habitações entre 19 de Novembro e meados de Janeiro, revelaram que «os números estão bastante acima daquilo que a legislação permite».
Entre as 185 casas estudadas, 25 são de pessoas a quem foi diagnosticado cancro nos últimos cinco anos.
Ou seja, quando alguns anunciam, aos sete ventos, que o ar da Guarda é bom e recomenda-se.
Quando alguns negam as evidências.
Quando vários estudos apontam o radão como principal causa de morte por cancro.
Quando há evidente relação causa-efeito entre radão e o elevado índice de mortalidade causado por cancro.
Quando se nega por argumentos grotescos o que toda a gente sabe que é uma realidade macabra.
Quando esses mesmos arautos do ar da Guarda sempre rejeitaram a evidência dos factos e que houvesse uma tomada de consciência colectiva para o perigo que todos corremos quer com o gás quer com a água.
Somos levados a concluir que esses ilusionistas vendiam ícones gastos e balofos.
A realidade é bem mais dura e fatal, infelizmente, em muitos e muitos casos.
Não reconhecer o perigo é pactuar com a morte.
Custe o que custar temos todos de saber lidar com esta fatalidade.
Porque é bom que se diga, em abono da verdade, que há soluções que podem minimizar os efeitos do gás assassino.
Mas para isso é necessário e urgente que se ensine a viver com o perigo.
Que se saiba ser previdente e não remediado.
Só que «alguns» escondem ou querem esconder a realidade.
Só que «alguns» escondem ou querem esconder a realidade.