terça-feira, março 18, 2008

“Quero ficar no teu corpo, feito tatuagem…”

Com a devida autorização, aqui fica o artigo do José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, na Assembleia da República, publicado no Esquerda net.

«O mesmo PS que afirmou que não tinha "de perder tempo a discutir o que correu mal" no seu Governo e que é portanto absolutamente incapaz de olhar de frente para os principais problemas e dificuldades do país, lembrou-se agora de propor a proibição dos piercings e das tatuagens para os menores de 18 anos e a proibição total dos piercings na língua. Extraordinárias as preocupações do Partido do Governo. O que tem a propor aos jovens não é o combate à precariedade, a democratização do ensino, a efectivação do direito à educação sexual, por exemplo. Sobre isso, nada. O que o PS propõe é muito mais relevante: proibir-nos de escolher se queremos ou não fazer um piercing na nossa sobrancelha. Os jovens podem, a partir dos 16 anos, trabalhar e pagar impostos. Temos, a partir dos 16 anos, responsabilidade criminal porque respondemos por aquilo que fazemos e somos condenados se desrespeitamos a lei. Até seríamos obrigados, se o Governo quisesse chamar-nos numa situação excepcional, a ir para a guerra "defender a pátria". Mas o PS acha que não devemos poder decidir sobre o piercing que pomos no nariz ou sobre como queremos decorar o nosso braço. É evidente que faz todo o sentido regulamentar as actividades se elas apresentarem problemas. É essencial garantir, para todas as práticas e serviços, toda a informação aos utentes e aos consumidores, acautelar a sua saúde, assegurar os seus direitos sem contemplações. Tudo isto é válido para piercings e tatuagens, como para o resto. Mas o absurdo daquilo que se conhece da proposta feita pelo PS é a infantilização dos jovens, a tentativa de regulação dos seus comportamentos e escolhas e o aparente embirranço que algumas pessoas terão com os piercings na língua... Há uma coisa que é preciso dizer: eles não decidirão por nós a forma como andamos, como nos vestimos ou como nos comportamos. Se temos responsabilidade para o resto, tenhamos também para escolher como decoramos o nosso corpo. Cada um tem os seus gostos e opções. Eu por mim, continuo a ter um enorme prazer com aqueles momentos em que o olhar se prende no piercing de um umbigo descoberto.»

Falta mesmo o uniforme nas escolas, das fardas, das mangas-de-alpaca, do cabelo cortado à máquina zero, da obrigatoriedade do uso de meias de «vidro», das saias pelos calcanhares, das mulheres não puderem usar calças, da estupidez transformada em lei obrigatória para ser avaliado e progredir na carreira, arranjar o emprego para o sobrinho acéfalo, bruto, mas e sempre subserviente, capacho de cão.

É que o cinto já tem um "S" lembram-se?
"S" de Sócrates, evidente!!!!
Esse bem cravado para apertar consciências, vontades e liberdade de ser e fazer o que cada um quiser do que é verdadeiramente, genuinamente SEU, nenhum embuste.