terça-feira, agosto 28, 2007

Mais um embuste

Na semana passada, foi anunciada, com toda a pompa e circunstância, pelo 1.º ministro, coadjuvado pelo ministro Gago, uma nova forma de endividamento das famílias portuguesas: o crédito aos alunos.
É, tão só, mais um embuste.
António Guterres, outro primeiro-ministro PS, dizia que o dinheiro das propinas seria destinado para aumentar a qualidade do ensino e nunca para gastar em salários e despesas de funcionamento, um facto há muito negado por todos os reitores.
Sobre investimentos, no ensino superior público, sabe-se que vai sofrer cortes orçamentais avultados, só na Universidade de Lisboa, os cortes anunciados para 2008 ascendem a 10%.
Está bem de ver, não está?
Na Europa dos 15 não existem propinas na Dinamarca, Grécia, Luxemburgo, França, Finlândia e Suécia. Na Alemanha, a esmagadora maioria das faculdades continua sem propinas.
Portugal é o quinto país da União Europeia onde as propinas são mais elevadas, 900 euros, e o segundo em que o Estado investe menos dinheiro por aluno, 6000 euros. Pior só a Grécia, com 4285 euros anuais. Aqui ao lado, a Espanha despende 8399€, a Itália 10161 e a França 10332. Em nenhum país escandinavo a despesa fica abaixo dos 13 mil euros, valor também atingido pela Alemanha, Irlanda e Dinamarca.
Então que «novidade» apresentam os «iluminados»?
Sistema de Empréstimos - novo embuste!!!
Sócrates, defende o sistema de empréstimos dizendo que a Acção Social Escolar não vai acabar.
Que acção social fala ele?
O nosso país fica em penúltimo lugar na percentagem de dinheiro destinada ao apoio dos estudantes mais desfavorecidos, com 6,7% do investimento total. Pior só a Grécia, com 5,8%.
A França investe 8,1% em bolsas, a Espanha 8,5%, Alemanha e Reino Unido à volta de 10%. A Holanda ultrapassa os 20% e a Dinamarca gasta 33% do total.
A bolsa média em Portugal é de 49 euros mensais - refere o Público de 24 de Agosto, citando o Eurostudents 2005 - enquanto as despesas se ficam pelos 575.
E quanto a pagar as bolsas?
Há instituições que pagam as bolsas só no ano lectivo seguinte.
Sabe disso o Governo?
Solução?
Um regime de empréstimos, com um spread baixo, mas taxas de juro superiores ao que já existe no mercado e que os jovens terão que começar a pagar mesmo que não tenham emprego.
Ou seja, há bancos que têm taxas de juro mais baixas que as que são propostas pelo santíssimo acordo Governo-Banca!!!!
O ministro Gago resume este novo convite ao endividamento das famílias, dizendo que quem não tem a certeza que poderá pagar não deve contrair o empréstimo.
Brilhante, sr. ministro.
Quanto tempo, teria «perdido» o putativo ministro, a pensar nesta resposta?
Saberá o sr. ministro que existem 56 mil licenciados no desemprego?
Ou pensa o sr. ministro, que um emprego, temporário, numa qualquer caixa de supermercado, dá para pagar o empréstimo?
Sendo assim, serão os pais a pagar o endividamento.
Mais uma forma de endividamento das famílias portuguesas.
Embuste.