“BES Angola emprestou 800 milhões a irmã de José Eduardo dos Santos”
Marta dos
Santos é uma das devedoras a quem o BES Angola “perdeu o rasto”.
Rui
Guerra, o ex-Presidente do BES Angola, disse aos deputados da comissão
parlamentar que investiga o caso BES, que o banco não foi capaz de identificar
os beneficiários de muitos dos empréstimos concedidos pela instituição e que
estes já estavam em incumprimento antes de o Estado angolano conceder uma
garantia.
Na
lista de empréstimos estava, à cabeça, Marta dos Santos, irmã do presidente
José Eduardo dos Santos, que teve um crédito de 800 milhões de dólares, para
desenvolver em Talatona um projecto imobiliário, curiosamente em parceria com o
empresário português José Guilherme, o tal que deu os 14 milhões a Ricardo
Salgado. Muitos dos investimentos angolanos em Portugal foram feitos com esse dinheiro
emprestado pelo BES Angola: “Há um aspecto ainda mais perverso. Muitos dos
investimentos que a elite angolana fez em Portugal, que foram vendidos como
sendo dinheiro angolano que vinha para Portugal, de facto não era. Era dinheiro
dos depositantes do BES, disponibilizada à elite angolana para adquirir em
Portugal propriedades, imobiliário. Os próprios filhos de José Eduardo dos
Santos têm uma propriedade em Aveiras de Cima, que adquiriram com crédito do
BES, mas isto multiplicou-se por todo o país, refere Paulo Morais, Vice-Presidente da associação Transparência e Integridade.
Paulo Morais lamenta que
nada esteja a ser feito em Portugal em relação a esta situação: “O que é
incompreensível é como o Estado português não faz exercer os seus direitos,
desde logo confiscando as propriedades compradas com este tipo de empréstimos.
Relativamente aos empréstimos utilizados em território angolano, é evidente que
a situação é mais difícil, mas dadas as óptimas relações que existem entre os
dois Governos, teria de haver uma manobra diplomática para recuperar esses
milhares de milhões de euros, que neste momento representam um prejuízo no BES
e no Novo Banco, e que teriam de ser recuperados”.
Paulo Morais considera pouco
plausível o argumento do ex-presidente do BESA, que diz não ser possível identificar
os destinatários dos empréstimos concedidos pelo banco.
Em causa podem estar
mais de 5,7 mil milhões de euros que o BESA nunca recuperou.