Um pagamento feito pelo Banco Privado Português (BPP) através de uma sucursal sua nas Ilhas Cayman esteve na origem de um caso político na Galiza, o qual custou a candidatura nas próximas eleições autonómicas ao economista Luis Carrera Pásaro.
Este ex-administrador da Caixanova e da Pescanova, entre outras empresas, tinha sido indigitado para encabeçar a lista do Partido Popular (PP) espanhol por Ourense, mas a descoberta de que teria ocultado ao fisco uma comissão recebida do banco português levou o líder dos populares galegos, Alberto Núñez Feijóo, a retirá-lo da lista na passada sexta-feira.
Lembram-se do investimento da Pescanova, em Portugal, que tanta celeuma causou devido a casos de impacto ambiental, também «resolvidos» graças ao PIN do Pinho?
Luís Carrera Pásaro trabalhou como assessor do BPP para o mercado galego pelo menos entre 2004 e 2006, mas a evasão fiscal em causa, segundo disse o próprio ao PÚBLICO, refere-se a 2005.
Nesse ano, o economista galego terá recebido do BPP centenas de milhares de euros.
A rádio Cadena Ser fala em 240 mil euros, mas Luis Carrera terá pago ao fisco, para regularizar a sua situação, cerca de 100 mil euros, pelo que o montante recebido poderá ter sido superior.
O economista galego justificou o “lapso” ao fisco com o facto de o BPP lhe ter pago através das Ilhas Cayman, em vez de o fazer através da sua sede, em Lisboa, “o que seria normal”, segundo explicou à imprensa galega.
E, como não lhe remeteram qualquer recibo, esqueceu-se de declarar a verba ao fisco, explicou(!!!).
Espanto. Então paga-se e não há recibos???
Onde anda a investigação????
E o Banco de Portugal sabia????
Luis Carrera disse ao PÚBLICO que deixou de trabalhar para o BPP em 2006, mas recusou dizer quanto recebeu do banco e como eram feitos os pagamentos.
Ouvido também pelo PÚBLICO sobre este caso, o ex-presidente do BPP, João Rendeiro, respondeu: “Desconheço completamente”.
Já a actual administração do BPP explicou que se trata de uma “informação de âmbito privado”, pelo que “só o próprio [Luís Carrera] deverá responder”.
Assuntos de Estado ou melhor de conveniência de ambas as partes.
Logo, não são do interesse dos contribuintes portugueses.