O Governo aprovou, na semana passada, em Conselho de Ministros, o decreto regulamentar que ratifica a redução da área do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) em 11 por cento.
A alteração dos limites do PNSE, prevê a exclusão de 12 mil hectares de áreas de transição situadas nas baixas dos concelhos de Seia e Gouveia, além de uma parcela perto de Unhais da Serra (Covilhã).
O Governo justifica esta alteração com «ajustamentos de ordem exclusivamente técnica e científica, de modo a conferir uma maior coerência em termos de conservação da natureza e de gestão da área protegida, como a introdução de habitats importantes no parque natural e a eliminação de áreas sem interesse em termos de valores naturais».
«O objectivo é tornar mais eficaz a gestão do território abrangido. Para além disso, há zonas cuja inclusão na área protegida já não se justifica, dada a sua degradação e ausência de valores naturais assinaláveis».
Na realidade, o que determinou esta redução substancial da área do PNSE são razões ligadas ao desenvolvimento de projectos turísticos, que de outra forma não podiam existir.
Quem não se lembra, do famigerado casino na Serra da Estrela?
Não se aceita que o PNSE possa apenas integrar zonas onde se encontram os habitats mais ameaçados, deverá existir também outras que «sirvam de tampão aos impactos negativos de certas actividades desenvolvidas fora dos seus limites.
O Governo, em vez de encontrar soluções para a degradação e ausência de valores naturais na área agora reduzida, enverdou pela solução mais fácil e arriscada, entregá-la à expeculação imobiliária.
As pressões dos «lobbies» e dos lobos foram mais fortes. O redil é cada vez mais uma coutada de uns poucos.