quinta-feira, setembro 25, 2014

Leituras

Não me parece que o mundo empresarial, pelo menos a curto prazo, esteja muito preocupado com ter falta de mão-de-obra.
Em primeiro lugar, tem havido um programa substancial de produção offshore nos últimos 30 anos. Não só de trabalho manual mas também de análise de dados.
Pelo mundo fora há muita mão-de-obra barata.
Há pouco tempo, a IBM anunciou incentivos para tentar levar o seu pessoal, norte-americano, a mudar-se para a Índia, onde poderiam viver com salários mais reduzidos.
Mas as elites partem do princípio de que poderão manter uma mão-de-obra suficientemente vasta como uma parte menor da população, aquilo que Marx chamava de exército industrial de reserva.
Pois é, depois ainda dizem que o filósofo está desactualizado.
Querem é que se esqueça a importância ACTUAL DA SUA TEORIA!
Mas, importa relacionar tudo isto, com a opinião que tais elites pensam sobre a educação pública.
Os desenvolvimentos que têm ocorrido fazem TODOS parte de um grande esforço para MINAR a educação pública por completo, basicamente para a privatizar, o que seria uma grande benesse para o poder privado.
O poder privado NÃO GOSTA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA, por vários motivos.
Um é o princípio no qual se baseia a educação pública, que é ameaçador para o poder.
A EDUCAÇÃO PÚBLICA BASEIA-SE NUM PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE.
Um verdadeiro cidadão deve SENTIR QUE DEVE PAGAR para que TODAS as crianças possam ir à escola.
A APRENDIZAGEM FORMAL É UM INVESTIMENTO DE UM POVO.
Tudo isto, é contrário à doutrina de que devemos simplesmente cuidar de nós mesmos e deixar que todos os outros se DANEM, um princípio básico das regras empresariais.
A educação pública é uma ameaça a esse sistema de crenças porque pressupõe um sentido de solidariedade, de comunidade, de apoio mútuo.
O mesmo se aplica à Segurança Social, ao Serviço Nacional de Saúde e outros serviços que DEVEM caber no que se designa por SOLIDARIEDADE.
Existe um esforço ardente para DESTRUIR a Segurança Social, ainda que não existam justificações económicas para o fazer, pelo menos que sejam justificativas.
MAS A GULA DAS SEGURADORAS É INCOMENSURÁVEL. E, a essa gula não resistem partidos de direita e os pseudo socialistas.
Mas a Educação Pública e a Segurança Social são resíduos de uma concepção perigosa de que estamos todos no mesmo barco e que temos de colaborar para criar melhores condições de vida e um futuro melhor.
Quando se está a tentar maximizar os lucros ou o consumo, a colaboração passa a ideia errada. Tem de ser escorraçada das mentes das pessoas.
A SOLIDARIEDADE dificulta o controlo das pessoas e impede-as de serem objectos passivos do poder privado.
Por isso, é preciso ter um sistema de propaganda que anule quaisquer desvios ao princípio da subjugação aos sistemas de poder.
IMPORTA ter consciência que há grandes esforços para substituir as escolas públicas por sistemas semiprivados (vide o caso da PARQUE ESCOLAR, da «festa» da «dona Lurdinhas», ministra de Sócrates e do Partido Socialista, e continuada por [C]rato, Coelho & Portinhas!), que continuariam (continuam!) a ser sustentados pelo público mas seriam geridos de forma mais ou menos privada, como é o caso das escolas subvencionadas.
Não há quaisquer provas que sejam melhores.
Tanto quanto se sabe, SÃO ATÉ PIORES EM TODOS OS ASPECTOS!
Mas, esta privatização das escolas MINA a solidariedade e o apoio mútuo – ideias perigosas que prejudicam o poder concentrado.


Bibliografia:

- CHOMSKY, Noam, MUDAR O MUNDO. Lisboa, Bertrand Editora, 2014.