Vive-se em Portugal a tradicional época designada por Santos Populares. E, a cidade da Guarda, nomeadamente os seus bairros, entram na festança nacional com o apoio desmedido da autarquia. Os custos vão-se a conhecer. Só nas festas dos bairros supõe-se, nada é real como convém, o município irá gastar qualquer coisa como 150 mil euros. Coisa pouca dirão alguns. Mas se tivermos em linha de conta tudo o que falta ao concelho, diríamos que a afirmação confirma o ditado popular, "Arte de agradar, arte de enganar."
Recorrendo ainda ao saber popular, lembro o ditado “Morra Marta, mas morra farta”.
Celebrar uma festa do vinho, como nos tempos do deus Baco, com uma verba de 150 mil euros é coisa pouca, continuarão a dizer os lambe botas. Mas “Grão a grão enche a galinha o papo”! E se enche! Comprar imóveis, substituindo-se a uma qualquer imobiliária, para depois os deixar cair, é mais do mesmo. E muitas mais despesas podiam ser enumeradas para provar que o lema é desbaratar o dinheiro que não lhes pertence e nem sequer dão contas dele.
Lá diz o ditado popular, "às romarias e às bodas, vão as loucas todas”.
E não é que vão mesmo!
Ficou-se a saber que os “amigos são para as ocasiões”! O NERGA, uma associação empresarial sediada na Guarda, ao que se diz está à beira da falência. O executivo camarário vai ao seu auxílio. Um protocolo para alugar o pavilhão da associação empresarial, vai ser assinado, sem ser dado, por enquanto, a conhecer o valor a pagar pelos contribuintes. O caso, como se devem lembrar, não é virgem neste executivo camarário.
E para continuação da festança nada melhor que anunciar um empréstimo de 1 milhão e 600 mil euros. Lembrar que na página da Direção-Geral da Administração Local, no capítulo da evolução do endividamento total, por município, prestação de contas, na altura relativa às contas de 2023, a dívida total do município da Guarda era apenas e tão-só de 12 611 421€! Uma brutalidade.
Lembrar que o novo empréstimo, 1 milhão e 600 mil euros, será, segundo a propaganda oficial, para pagar expropriações para a construção da Alameda dos F's, que como se devem lembrar foi inaugurada por Cavaco Silva e teve a chancela de Álvaro Amaro.
Diz o atual presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, que a obra em questão será e passo a citar "a obra mais desejada da Guarda". Mais desejada? Fez alguma sondagem? Qual o universo? Qual a margem de erro? A quem foi encomendada a sondagem? Há obras bem mais importantes que os guardenses desejariam ver concretizadas, mas que o presidente da Câmara, procura esconder.
Centro histórico degradado. Não lhe diz nada?
A degradação das instituições, nomeadamente escolas onde faltam equipamentos e até para substituir uma simples lâmpada demoram semanas, outros equipamentos, nomeadamente os do lazer em completo e total abandono, a inexistência de uma política cultural que ajude a formar cidadãos civicamente responsáveis, transportes de qualidade e não os obsoletos de quarta mão, onde nem uma simples campainha para avisar o motorista existe tendo o cidadão que gritar para mandar parar o autocarro.
A ausência de uma política desportiva que não seja apenas um luxo para certa elite e onde a maioria não consegue praticar, chegando-se ao ridículo de se cortar a energia elétrica, dizem que para poupar. Para não falar da dita poupança da água que leva a que muitas árvores sequem, mas se permite a lavagem de bicicletas. E o péssimo estado das rodovias, asfalto arrancado, tampas do saneamento fora do lugar e a provocarem danos e barulho quando um automobilista não tem possibilidade de as contornar, e os passeios sujos, em completa degradação?
Lembrar que uma rua, uma praça, um bairro também educam, pois são elementos para a aprendizagem e para o desenvolvimento integral dos cidadãos, incentivando-os a participarem ativamente na vida pública, na construção de conhecimento e no exercício da cidadania. Se tal fosse do interesse dos poderes instalados. Um povo culturalmente desenvolvido é sempre um perigo para a elite governativa. É que não vai em cantigas e muito menos em falsas quimeras.
A aprovação da proposta de empréstimo de um milhão e 600 mil euros pelos três eleitos do movimento independente ‘Pela Guarda’, que governa a autarquia desde 2021, enquanto os vereadores da oposição – três do PSD e um do PS – se abstiveram, é reveladora da timidez, da falta de coragem e da hipotética penalização no próximo ato eleitoral. Sérgio Costa jogou a cartada decisiva ao encostar à parede os vereadores da oposição. Não houve, como não tem havido, coragem política para não se enveredar pela hipocrisia que só irá empobrecer mais e mais os já paupérrimos cidadãos do concelho da Guarda. Lembrar que se trata de um empréstimo a longo prazo, dez anos, que irá hipotecar a vida dos habitantes do concelho. Se havia outra solução para as expropriações? Claro que havia. Mas há que contentar alguns interessados e prejudicar seriamente muitos mais.
Falta a aprovação em Assembleia Municipal, coisa fácil, e seguir para o Tribunal de Contas.
Lembrar que a tal expropriação de terrenos irá potenciar e de que maneira, a ampliação do parque industrial da cidade, a expansão residencial e urbana dos bairros da Luz, do Pinheiro, da Póvoa do Mileu e de Nossa Senhora dos Remédios. Percebido? Só não entende quem não quer.
Esta é a minha última crónica antes da pausa para férias, como tal desejo-vos umas boas férias, para todos mesmo para aqueles que já as venderam.