Considero
Geoffrey Chaucer um dos mais importantes escritores ingleses.
Li
a sua obra “Caterbury Tales”, no meu 7.º ano dos liceus, assim designado, na
disciplina de Inglês.
Já
na altura a considerei, mesmo com a leitura em inglês, uma obra fundamental
para se perceber a sociedade medieval.
Lembro-me
de um parágrafo dessa obra, que revela a forma como Chaucer olhava para o mundo
que o rodeava.
Diz assim:
«Detestável
e infortunada é a condição da pobreza, oprimida pela sede, pela fome e pelo
frio. Sente no coração a vergonha de pedir auxílio e, se não o faz, a própria
necessidade acossa-a, até deixar a descoberto a sua escondida chaga.
E,
ainda que ao pobre reste o recurso de mendigar, roubar ou pedir emprestado, não
deixará de censurar Cristo, ao ver com amargura como Ele favoreceu os ricos, dando-lhes
uma tão desproporcionada quantidade de bens.
Assim,
do mesmo modo, censurará o vizinho, acusando-o de ter tudo enquanto ele tem tão
pouco, e a única consolação é pensar em como lhe arderá a cauda no inferno por
não ter sido generoso para com os necessitados.
E,
assim, segundo dizia um sábio: «A morte é preferível à indigência, se tens além
da pobreza o desprezo do teu vizinho.»
E
eis outra sábia observação, que reza: «Os dias do pobre são todos maus.»
Cuidem,
pois, de nunca chegar a esse estado, pois, se tal acontecesse, odiá-los-iam os
vossos irmãos e os vossos amigos abandoná-los-iam.
Ó
vós, ricos mercadores!
Sois
poderosos e prudentes, a sorte está do vosso lado, pois mesmo que nas vossas
bolsas não haja duplos ases, desde que haja cincos e seis em abundância, podeis
dançar alegremente quando chega o Natal, enquanto os pobres tiritam de frio.»
Para
os cochinos, sebentos e acéfalos de hoje, tudo o que foi dito são pérolas atiradas a
porcos.
Nada perceberam.
Ainda pensam que Chaucer é um jogador de futebol!
Mas
que fazer?