quinta-feira, agosto 14, 2014

Um barril de pólvora

A África, o berço da Humanidade e, principalmente dos humanóides, é um autêntico barril de pólvora.
São as epidemias, as pestes e os vírus que a cada momento aparecem e dizimam milhões de cidadãos do Mundo.
SIM OS CIDADÃOS DE ÁFRICA SÃO CIDADÃOS DO MUNDO.
ÀS VEZES CERTOS ABUTRES ESQUECEM-SE DOS DIREITOS DE TODOS OS POVOS, CONSIGNADOS NA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM.
Será que, ainda faz sentido falar dessa declaração, nos tempos actuais?
FAZ E FARÁ SEMPRE, QUER ELES QUEIRAM OU NÃO!
Mas a África para além das doenças, ainda tem por ironia do destino, uma corja de abutres e vampiros que, em conluio com os poderosos do planeta, sugam o sangue aos próprios irmãos. Deixam as companhias estrangeiras ROUBAREM as riquezas naturais em troco de uns míseros dinheiros que engordam as famílias instaladas. O povo continua a viver na mais profunda miséria. FALTA TUDO.
QUEM CONSEGUE SOBREVIVER NAQUELE CONTINENTE?
Por isso a fuga para o desconhecido, para o «el dourado» do outro lado do mar – a europa!
Milhares e milhares de africanos a fugir à miséria, à morte e à doença para morrerem numa barcaça, podre, imunda e sem segurança.
QUEM PODE OUSAR FALAR EM DIGNIDADE HUMANA, NESTAS SITUAÇÕES?
QUEM PODE FALAR DE DESENVOLVIMENTO HUMANO?
QUEM?
PARE-SE COM A HIPOCRISIA, MAIS UMA!
Somos TODOS cidadãos do MUNDO!
COM DIREITOS, SENDO QUE O PRIMEIRO DE TODOS É DO RESPEITO PELA VIDA HUMANA!
MAS QUE RESPEITO?
Bem sei que tudo quanto está a acontecer naquele continente se deve em muito ao colonialismo de TODOS!
Criou-se no imaginário do africano o sentido de um ser inferior. Um ser que não tem capacidades para gerir, para viver e participar em democracia. Os colonos, TODOS ELES, criaram no africano, salvo raras e honrosas excepções, a submissão ao chefe – no tempo colonial, ao branco, ao régulo e, nos tempos pós independência, aos líderes. Só que esses líderes, que se impuseram pelas várias forças, desprezam os próprios irmãos, vivem na opulência construída com a fome, o sangue e o medo dos povos. O medo, sempre o medo!
Infelizmente para os povos africanos, os líderes dos tempos da luta armada ou foram mortos ou negaram os princípios e valores que tanto defendiam. ABURGUESARAM-SE! TORNARAM-SE OS NOVOS SENHORES DO PODER E DA REPRESSÃO!
Há algum líder africano que conseguiu construir um país sem opressão, sem mortes, sem sangue e com justiça social, distribuição da riqueza e que tenha instalado uma verdadeira democracia?
NENHUM!
ÁFRICA MINHA, QUE DOR!
Esqueçam a época em que este poema foi escrito, mudem apenas os personagens pelos actuais e vejam a diferença.

Monangamba
Naquela roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações.
Naquela roça grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.
O café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado.
Negro da cor do contratado!
Perguntem às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem se levanta cedo? Quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta angolares
"porrada se refilares"?
Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar
maquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?
Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande - ter dinheiro?
Quem?
E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:
"Monangambééé..."
Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras
"Monangambééé..."

Agostinho Neto, Luanda, 1961

Diferenças? POUCAS!
SEMELHANÇAS? MUITAS!
DEIXEM-SE DE HIPOCRISIA!
A estes dá-se o mar para morrerem.
A outros um cartão dourado, se os bolsos vierem cheios de dinheiro, mesmo de proveniência DUVIDOSA!