A
África, o berço da Humanidade e, principalmente dos humanóides, é um autêntico
barril de pólvora.
São
as epidemias, as pestes e os vírus que a cada momento aparecem e dizimam milhões
de cidadãos do Mundo.
SIM
OS CIDADÃOS DE ÁFRICA SÃO CIDADÃOS DO MUNDO.
ÀS
VEZES CERTOS ABUTRES ESQUECEM-SE DOS DIREITOS DE TODOS OS POVOS, CONSIGNADOS NA
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM.
Será
que, ainda faz sentido falar dessa declaração, nos tempos actuais?
FAZ
E FARÁ SEMPRE, QUER ELES QUEIRAM OU NÃO!
Mas
a África para além das doenças, ainda tem por ironia do destino, uma
corja de abutres e vampiros que, em conluio com os poderosos do planeta, sugam
o sangue aos próprios irmãos. Deixam as companhias estrangeiras ROUBAREM as
riquezas naturais em troco de uns míseros dinheiros que engordam as famílias
instaladas. O povo continua a viver na mais profunda miséria. FALTA TUDO.
QUEM
CONSEGUE SOBREVIVER NAQUELE CONTINENTE?
Por
isso a fuga para o desconhecido, para o «el dourado» do outro lado do mar – a europa!
Milhares
e milhares de africanos a fugir à miséria, à morte e à doença para morrerem
numa barcaça, podre, imunda e sem segurança.
QUEM
PODE OUSAR FALAR EM DIGNIDADE HUMANA, NESTAS SITUAÇÕES?
QUEM
PODE FALAR DE DESENVOLVIMENTO HUMANO?
QUEM?
PARE-SE
COM A HIPOCRISIA, MAIS UMA!
Somos
TODOS cidadãos do MUNDO!
COM
DIREITOS, SENDO QUE O PRIMEIRO DE TODOS É DO RESPEITO PELA VIDA HUMANA!
MAS
QUE RESPEITO?
Bem
sei que tudo quanto está a acontecer naquele continente se deve em muito ao
colonialismo de TODOS!
Criou-se
no imaginário do africano o sentido de um ser inferior. Um ser que não tem
capacidades para gerir, para viver e participar em democracia. Os colonos,
TODOS ELES, criaram no africano, salvo raras e honrosas excepções, a submissão
ao chefe – no tempo colonial, ao branco, ao régulo e, nos tempos pós
independência, aos líderes. Só que esses líderes, que se impuseram pelas várias
forças, desprezam os próprios irmãos, vivem na opulência construída com a fome,
o sangue e o medo dos povos. O medo, sempre o medo!
Infelizmente
para os povos africanos, os líderes dos tempos da luta armada ou foram mortos
ou negaram os princípios e valores que tanto defendiam. ABURGUESARAM-SE!
TORNARAM-SE OS NOVOS SENHORES DO PODER E DA REPRESSÃO!
Há
algum líder africano que conseguiu construir um país sem opressão, sem mortes,
sem sangue e com justiça social, distribuição da riqueza e que tenha instalado
uma verdadeira democracia?
NENHUM!
ÁFRICA
MINHA, QUE DOR!
Esqueçam
a época em que este poema foi escrito, mudem apenas os personagens pelos
actuais e vejam a diferença.
Monangamba
Naquela
roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações.
é o suor do meu rosto que rega as plantações.
Naquela
roça grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.
O
café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado.
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado.
Negro
da cor do contratado!
Perguntem
às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem
se levanta cedo? Quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta angolares
"porrada se refilares"?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta angolares
"porrada se refilares"?
Quem?
Quem
faz o milho crescer
e os laranjais florescer
e os laranjais florescer
Quem?
Quem
dá dinheiro para o patrão comprar
maquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?
maquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?
Quem
faz o branco prosperar,
ter barriga grande - ter dinheiro?
ter barriga grande - ter dinheiro?
Quem?
E
as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:
"Monangambééé..."
Ah!
Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras
"Monangambééé..."
Agostinho
Neto, Luanda, 1961
Diferenças?
POUCAS!
SEMELHANÇAS?
MUITAS!
DEIXEM-SE DE HIPOCRISIA!
A estes dá-se o mar para morrerem.
A outros um cartão dourado, se os bolsos vierem cheios de dinheiro, mesmo de proveniência DUVIDOSA!