O
caso CGD é um panegírico aos glutões!
Em
finais de Março, deste ano, da graça do Costa, Mário Centeno convida um
vogal do BPI para ser presidente da CGD.
De vogal de um pequeno banco para
presidente do maior banco, um salto de perna longa.
O vogal era António Domingos!
Mérito, certamente!
António
Domingues começou logo a trabalhar num plano para o banco público.
Curiosamente fez isso mesmo enquanto funcionário do BPI no seu gabinete.
Pelo menos até ao final de Maio.
Por conta?
Problema do BPI,
diria eu.
Para
“aceitar o convite” exige uma recapitalização da CGD.
Claro!
Uma boa almofada era necessária!
A necessidade de
recapitalizar a CGD já tinha sido publicamente discutida.
Os números é que são
novidade.
Primeiro “mais ou menos” 4 mil milhões.
Afinal 5,1 mil
milhões.
Trocos. Dos contribuintes.
Dos três mil milhões aos 5 mil milhões, em 4 meses!
É OBRA!
A
antiga administração tinha calculado a recapitalização em 2 mil milhões.
Domingues pediu mais do dobro. Cautela, provavelmente. Ou, mais do que isso, uma boa rede!
Primeira
medida do governo para a Caixa?
Aumento de vencimentos para os gestores.
CLARO!
De vogal para administrador principal é um grande salto!
Exigência do próprio, adivinho eu.
Mas, também posso estar a ser ingénuo. Pode ter sido
Mário Centeno a lembrar-se disso sozinho.
Nesses
dias o que soubemos do plano para “salvar” a Caixa?
Cinco
pontinhos.
Aumento
de salários para a nova administração, aumento do número de administradores,
inevitável alteração do modelo de governação, despedimento de
trabalhadores e injeção de uns quantos milhões. Também sabemos que a
“nova” administração não quis/não pode tomar posse e que o governo teve de
se humilhar e pedir à “antiga” administração, que foi demitida, para tapar
o buraco.
Pelo
meio ficamos a conhecer o novo modelo de governação proposto pelo “novo”
Presidente da Caixa. Pelo meio alguém se esqueceu de ver a lei.
O
BCE lembrou-se.
Por
incompetência humilham-se aqueles que se ofereceram para ajudar a
Caixa sem receber nada em troca.
Não
há problema.
O
governo muda a lei.
Muda-se
a lei as vezes que forem necessárias.
O
plano não tem de se adaptar à lei.
A
lei é que tem de se adaptar ao plano.
Já há muito que se conhece essa estratégia!
Sobre
as razões para mudar a lei o secretário de estado explica: "O que o
sistema bancário precisa é de um contacto grande com as empresas”.
O
princípio é bom e nem sequer é novo!
Já tivemos o BES com a PT.
Ou o Berardo
com o BCP.
E… TUDO DE BOM PARA OS CONTRIBUINTES? Não é?
Mais
importante é a comissão executiva.
Dos
sete elementos, 6 vieram ou passaram pelo BPI.
LOGO SEIS.
Isto apesar de
Domingues ter garantido que não trazia ninguém do board do seu banco. Mas
pronto. Não é bem o board.
O BPI é uma grande escola, um banco muito eficiente
que dá imensos lucros aos seus accionistas.
Em
Julho o BCE avisou que o plano não tinha condições.
Nada muda.
A
coisa avança.
Começam a chegar as respostas formais.
Curiosamente alguém
anuncia uma vitória.
Depois outro alguém percebe que não foi bem assim.
É
chumbado o modelo de governação.
O
BCE tem de lembrar a lei portuguesa e obrigado a excluir nomes. "Isto,
porque se verificou que oito dos administradores não-executivos propostos
"excediam" o limite estabelecido pelo Regime Geral das Instituições
de Crédito e das Sociedades Financeiras para acumulação de funções
"em órgãos sociais de outras sociedades".
A
comissão executiva passa no crivo.
Mais
ou menos.
O
BCE manda três administradores para a escola.
«VÃO ESTUDAR»! HUMILHANTE!
Dois,
dos três, vinham do BPI.
Durante
este período a CGD perdeu 15,5 milhões de euros por dia, em depósitos.
É factual.
15,5 milhões por dia.
Só
Ricardo Salgado e Jorge Tomé se podem gabar de ter feito mais, em
menos tempo.
E,
António Domingues ainda nem sequer tomou posse.