OS AMIGOS
Amo devagar os amigos que são tristes
com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão
sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a
eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se
profundamente
dentro do fogo.
─ Temos um talento doloroso e
obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
Herberto Helder
(1930-2015)