sábado, novembro 12, 2011

A razão pela qual o Ps segura a abstenção - parte II

Aumento de horário equivale a corte de salário de 6,25%!!!
O aumento de duas horas e meia de trabalho por semana, anunciado pelo primeiro-ministro, “agravará o desemprego” e representa um corte nos salários de 6,25 por cento, afirmou o secretário-geral da CGTP.
Manuel Carvalho da Silva considerou que esta medida, que será inscrita no Orçamento do Estado para o próximo ano e com carácter provisório até 2013, “não vem resolver nenhum problema de emprego, pelo contrário, agravará o desemprego, quer nas empresas cuja actividade já não é hoje a cem por cento, quer nas empresas que possam ter actividade intensa”.
Horas de trabalho são valor de salário, e esta medida significa uma tentativa de cortar de imediato 6,25 por cento nos salários dos trabalhadores”, acrescentou o secretário-geral da Intersindical.
Os resultados obtidos por esta intensificação da exploração irão directos para aqueles que lhes podem deitar as mãos, que são os accionistas das empresas”, contrapôs Carvalho da Silva.
Por outro lado, reforçou o sindicalista, a alteração dos horários de trabalho “são matéria que a Organização Internacional do Trabalho, ao longo da sua história, reclama que sejam negociações bilaterais entre patrões e trabalhadores. Os Estados devem procurar dar atenção aos limites máximos dos tempos de trabalho, mas mesmo nesses casos, sustentados por negociações bilaterais”, indicou.
Carvalho da Silva considerou ainda esta que esta "decisão unilateral" é "inqualificável do ponto de vista da sua fundamentação, violenta contra os trabalhadores e à margem de qualquer discussão com os parceiros sociais”.
A medida foi um argumento utilizado pelo secretário-geral da CGTP para regressar à acusação de falência do processo de concertação social.
“O processo de concertação social que tem estado a ser desenvolvido, encenando-se que se anda a discutir com os parceiros sociais o crescimento, a competitividade, e o emprego é uma farsa absoluta. Não se discute aquilo que é concreto, fala-se de temas que nem sequer têm cabimento (…) e ao mesmo tempo avança-se contra tudo e contra todos com estas medidas”, afirmou Carvalho da Silva.
O sindicalista abordou ainda a questão da redução dos feriados, considerando-a "o ressuscitar de uma velha questão", tentada por "vários governo conservadores", mas "em relação à qual nunca houve coragem de enfrentar nos 37 anos de democracia".
Carvalho da Silva lembrou que "vários governos conservadores foram neste sentido, (quem não se lembra da teoria de um tal Cavaco????) mas nunca tiveram esta ousadia" e considerou que a ideia "é um exemplo do descontrolo, mas também um alerta para a sociedade portuguesa, porque ai da sociedade que perde os seus valores".
Lusa / SOL