sexta-feira, junho 11, 2010

O ceguinho da desgraça

Que Cavaco já está na estrada, ninguém o pode contestar.
Sucedem-se os discursos demagógicos, de falso patriotismo, caso das férias cá dentro, dos recados ao governo e por último o discurso fanfarrão do 10 de Junho.
Para além das medalhas, e do toque-se o hino, da hipocrisia dos que levaram para casa a coleira veio o célebre discurso.
Discursou para, mais uma vez, não dizer nada.
Cavaco falou da «situação insustentável»  e, fez apelo à coesão nacional e à repartição "equitativa e justa" dos sacrifícios.
Bonito.
Que beleza de raciocínio.
Só hipocrisia e ranho - badalhoco.
Então de quem é a culpa de termos um Sócrates à frente do governo, esse sim causador da tal situação insustentável?
O que é isso de repartir "equitativa e justa" dos sacrifícios???
Será que Cavaco estava a olhar para ele próprio quando fala em repartição "equitativa e justa" dos sacrifícios??
Tem uma boa solução se quer repartir senhor Cavaco. Abdique e obrigue a abdicar todos os que usurpam a segurança social com mais que uma reforma e, ainda acumulam com outros «chorudos» ordenados de presidentes de grémios, de colectividades de recreio, de festas e outras que tais que dada a sua inutilidade já há muito deviam ter acabado.
Diz o senhor Cavaco que "não se podem pedir sacrifícios sem se explicar a sua razão de ser, que finalidades e objectivos se perseguem, que destino irá ser dado ao produto daquilo de que abrimos mão. Quanto mais se exigir do povo, mais o povo exigirá dos que o governam".
Esteja sossegado senhor Cavaco. O povo a quem o senhor recorre quando quer votos, aguenta com tudo. Todas as tangas, fardas, sacos de farelo e outras cargas, tudo em nome de uns quantos aldrabões que se vão governando com a miséria alheia.
É que, no mesmo discurso, a contradição não demora segundos a chegar e a negar tudo quanto «quis» anunciar como falácia: «"A coesão nacional exige que a sociedade se reveja no rumo da acção política. A cidadania e o poder devem articular-se para conjugar esforços, pois este não é um momento que se compadeça com crispações inúteis".
Claro senhor Cavaco!!!
Dóceis, submissos e sem crispações para «conjugar esforços» para os parasitas se banquetearem com o esforço do tal povo.
Tenha coragem.
Saiba o que diz!!!
Não invente.
Essa de dizer que é preciso "responsabilidade na procura de entendimentos que evitem rupturas no tecido social não compete apenas aos agentes políticos", e o apelo a um "contrato social de unidade e de solidariedade entre empresários e trabalhadores", revela bem de que lado da barricada o senhor quer posicionar-se: da dos poderosos, dos parasitas e lacaios.
Isso, faz-lhe bem ler o Contrato Socal do Rosseau, já que não o leu na altura certa. Só que Rosseau já está ultrapassado em muita coisa.
A seguir, aproveite as férias «passadas cá dentro» e, leia, em contraponto, o que Hobbes escreveu sobre o cidadão no centro da mudança.
Boas leituras senhor Cavaco!!
E já agora aprenda alguma coisa, não basta ler.
Ler, sem perceber o que se está a ler, também é analfabetismo, mas funcional.