quarta-feira, outubro 15, 2025

Habitação em Portugal

Há dias expressámos aqui a nossa estranheza pelo facto do Instituto Nacional de Estatística ter "decidido suspender temporariamente" a divulgação das Estatísticas das Rendas da Habitação a nível local até ao final de março do próximo ano, 2026!
Agora entende-se, na perfeição, a razão de tal suspensão!
É que as tais rendas moderadas até 2 300 euros já superam 80% das casas em Portugal!
A própria União Europeia vem dizer que Portugal tem as casas mais sobrevalorizadas da Europa e o esforço financeiro das famílias para comprar ou arrendar casa é dos mais elevados do espaço europeu.
Segundo cálculos da Comissão Europeia, “estima-se que os preços estejam sobrevalorizados em cerca de 35% em Portugal, sendo este o único país onde se estima que a sobrevalorização tenha aumentado significativamente em 2024”.
E os dados continuam a clarificar ainda mais e melhor a dramática situação em Portugal.
Entre 2014 e 2024, Portugal registou um crescimento nominal dos preços da habitação superior a 200%!
Mais revelador ainda é o facto de, ajustando à inflação, entre 2014 e 2024, os preços reais da habitação cresceram mais de 50%, um valor muito superior à média europeia de 25%.
Realçar que a União Europeia confirma a elasticidade da oferta habitacional em Portugal situar-se entre as mais baixas da Europa. Isto significa que há pouca capacidade de resposta do mercado. Na prática, quando os preços das casas sobem, isso não resulta automaticamente numa maior quantidade de casas novas a serem construídas para equilibrar o mercado — a oferta reage muito pouco às mudanças de preço.
Isto faz com que os preços continuem a subir, porque a quantidade de casas disponíveis não consegue acompanhar a procura crescente.
Já ao nível da compra de casa, Portugal está entre os países onde o rácio entre o preço da habitação e o rendimento das famílias se situe 20% acima dos níveis de há uma década.
Perceberam?
Precisam-se novas medidas que não passem pelo aumento desmesurado da compra e arrendamentos das habitações face ao poder de compra dos portugueses.