quinta-feira, setembro 03, 2015

(Re)Lendo


BALADA DO FILHO DA PUTA – 2
II

o grande filho-da-puta

também em certos casos começa

por ser

um pequeno filho-da-puta,

e não há filho-da-puta,

por pequeno que seja,

que não possa

vir a ser

um grande filho-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.

 

no entanto, há

filhos-da-puta

que já nascem grandes

e

filhos-da-puta

que nascem pequenos,

diz o grande filho-da-puta.

 

de resto,

os filhos-da-puta

não se medem aos palmos,

diz ainda

o grande filho-da-puta.

 

o grande

filho-da-puta

tem uma grande

visão das coisas

e mostra em

tudo quanto faz

e diz

que é mesmo

o grande filho-da-puta.

 

por isso

o grande filho-da-puta

tem orgulho em

ser

o grande filho-da-puta.

 

todos

os pequenos filhos-da-puta

são reproduções em

ponto pequeno

do grande filho-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.

 

dentro do

grande filho-da-puta

estão em ideia

todos os

pequenos filhos-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.

 

tudo o que é bom

para o grande

não pode

deixar de ser igualmente bom

para os pequenos filhos-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.

 

o grande filho-da-puta

foi concebido

pelo grande senhor

à sua imagem e

semelhança,

diz o grande filho-da-puta.

 

é o grande

filho-da-puta

que dá ao pequeno

tudo aquilo de que ele

precisa

para ser o pequeno filho-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.

 

de resto,

o grande filho-da-puta vê

com bons olhos

a multiplicação

do pequeno filho-da-puta:

o grande filho-da-puta

o grande senhor

Santo e Senha

Símbolo Supremo

ou seja, o grande filho-da-puta.

 
Alberto Pimenta