Por estes dias vejo tanta HIPOCRISIA, tanta sede de VINGANÇA, tantos COBARDES que me enojam certas atitudes e, principalmente, certos escritos.
Haja memória e lembrem-se que já fomos pisados, enxovalhados e mal tratados nos tempos em que, sem instrução, partimos, colectivamente, à procura de um naco de pão, pão que o diabo amassou, para matar a fome à pobreza dos campos, da guerra, sim também a tínhamos, das fábricas e dos que tinham CORAGEM de dizer NÃO!
LEMBREM-SE!
Lembrei-me deste poema da Sofia.
Esta
Gente
Esta
gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"