quarta-feira, setembro 02, 2015

BALADA DO FILHO DA PUTA - 1


 
BALADA DO FILHO DA PUTA - 1


I

o pequeno filho-da-puta

é sempre

um pequeno filho-da-puta;

mas não há filho-da-puta,

por pequeno que seja,

que não tenha

a sua própria

grandeza,

diz o pequeno filho-da-puta.

 

no entanto, há

filhos-da-puta

que nascem grandes

e

filhos-da-puta

que nascem pequenos,

diz o pequeno filho-da-puta.

 

de resto,

os filhos-da-puta

não se medem aos palmos,

diz ainda

o pequeno filho-da-puta.

 

o pequeno

filho-da-puta

tem uma pequena

visão das coisas

e mostra em

tudo quanto faz

e diz

que é mesmo

o pequeno filho-da-puta.

 

no entanto,

o pequeno filho-da-puta

tem orgulho em

ser

o pequeno filho-da-puta.

 

todos

os grandes filhos-da-puta

são reproduções em

ponto grande

do pequeno filho-da-puta,

diz o pequeno filho-da-puta.

 

dentro do

pequeno filho-da-puta

estão em ideia

todos os grandes filhos-da-puta,

diz o pequeno filho-da-puta.

 

tudo o que é mau

para o pequeno

é mau

para o grande filho-da-puta,

diz o pequeno filho-da-puta.

 

o pequeno filho-da-puta

foi concebido

pelo pequeno senhor

à sua imagem e

semelhança,

diz o pequeno filho-da-puta.

 

é o pequeno

filho-da-puta

que dá ao grande

tudo aquilo de que ele

precisa

para ser o grande filho-da-puta,

diz o pequeno filho-da-puta.

 

de resto,

o pequeno filho-da-puta vê

com bons olhos

o engrandecimento

do grande filho-da-puta:

o pequeno filho-da-puta

o pequeno senhor

Sujeito Serviçal

Simples Sobejo

ou seja, o pequeno filho-da-puta.


Alberto Pimenta