Cada
vez mais desesperado.
Olho, olho, e só vejo negrura à minha volta.
Fé?
Evidentemente...
Enquanto há vida, há esperança — lá diz o outro.
Mas,
francamente: fé em quê?
Num mundo que almoça valores, janta valores, ceia
valores, e os degrada cinicamente, sem qualquer estremecimento da consciência?
Peçam-me tudo, menos que tape os olhos.
Bem basta quando a terra mos cobrir!
—
Ah! mas a humanidade acaba por encontrar o seu verdadeiro caminho — dizem-me
duas células ingénuas do entendimento.
E eu respondo-lhes assim: Não, o homem
não tem caminhos ideais e caminhos de ocasião.
O homem tem os caminhos que
anda.
Ora este senhor, aqui há tempos, passou três séculos a correr atrás dum
mito que se resumia em queimar, expulsar e perseguir uns outros homens, cujo
pecado era este: saber filosofia, medicina, física, astronomia, religião,
comércio — coisas que já nessa época eram dignas e respeitáveis.
Miguel Torga, in "Diário (1942)"
Miguel Torga, in "Diário (1942)"
A propósito, Cavaco condecorou instituições e personalidades que, na opinião do dito contribuiram para a solidariedade social.
Cavaco igual a si próprio!
Primeiro pontapeou a língua portuguesa, agora não com os «cidadões» mas com um sujeito em falta de concordância com a forma verbal.
IGUAL A SI PRÓPRIO!
PAROLO!
Depois por que ao condecorar as tais putativas figuras e figurantes, esqueceu-se de mencionar o dinheiro que cada uma recebe dos contribuintes portugueses, não para realizarem solidariedade mas antes a caridadezinha!
«As
distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum» - Artigo 1.º
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, 1789.
Não entendes múmia!
A campanha eleitoral já começou!
Venham de lá esses votos dos lares, centros de dia, cuidados continuados que a mão caridosa nunca lhes vai faltar.
Ámen!