O povo, na sua sabedoria,
diz que «tudo o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita».
Vem à memória a
forma como o Instituto Politécnico da Guarda nasceu, cresceu e se tornou na
instituição que hoje é, ameaçada de extinção ou pelo menos de redução de
importância.
Não vamos ressuscitar fantasmas que passam por vicissitudes várias
que determinaram muito do que ainda hoje é o Instituto Politécnico da Guarda.
Só que temos memória e percebemos a forma como a instituição foi moldada para
ter o fim anunciado. Importa pois perceber que existem razões estruturais que
contribuíram para a actual situação mas há outras que se foram construindo para
que se agudizassem os problemas.
O Ministério da Educação e Ciência do governo
PSD e CDS vem garantir financiamento de 140 milhões de euros, para sete anos, para
cursos técnicos superiores profissionais nos institutos politécnicos. Ou seja é
garantido este novo modelo de formação para sete anos e depois….vazio.
Nada se
conhece sobre o futuro dos institutos. Sabe-se, isso sim, que os ditos cursos
são para arrancar em Setembro. Ou seja, sem se saber qual a base de
recrutamento para os referidos cursos. Sem se saber que estrutura curricular os
suporta. Sem se saber se os cursos resultam de necessidades regionais ou serão
impostos pela esquadria da recessão. Sem se saber, o mais importante no momento
para qualquer jovem, quais os interesses do mercado de trabalho e da
qualificação das pessoas.
Não restam dúvidas, falhadas as tentativas de fusões
com universidades, o governo decreta o fim dos institutos politécnicos. Aliás
já em 2009 o actual director do IPG, Constantino Rei escrevia que «a eventual
“fusão” ou integração do IPG (e do IP de Castelo Branco) com a UBI seria o
caminho que não conduziria a nenhum destino que não fosse o empobrecimento da
Guarda. E questionava sobre as vantagens da fusão para a Guarda. Dizendo o
presidente Constantino Rei que ninguém estaria à espera que a UBI encerrasse
cursos na Covilhã para os manter na Guarda, ou que desviasse os seus recursos
(humanos, financeiros e materiais) para a nossa cidade. Recusada a hipótese de
fusão pelo ministro Crato o que resta ao Instituto Politécnico da Guarda?
Ainda
no referido artigo o presidente Constantino Rei estranhava que o programa
eleitoral dos candidatos pelo PS à Câmara Municipal da Guarda, não fazia uma
única referência ao IPG. Sobre o ensino superior, apenas diziam que se
comprometiam a “Lutar pelo incremento do Ensino Superior na Guarda”. Chegando
mesmo o senhor presidente Constantino Rei a dizer que em matéria de educação, o
programa do PS à CMG era atroz.
Ora, e voltando ao saber ancestral do povo
português, pela boca morre o peixe.
O senhor presidente do IPG, Constantino Rei
que tanto se revoltava com a falta de propostas na candidatura do PS à câmara
da Guarda, é o mesmo senhor que foi mandatário da candidatura de Paulo Rangel
do PSD, às eleições europeias, prometendo na altura abrir uma delegação na
Guarda para deste modo aproximar eleitos de eleitores. Alguém sabe onde fica
tal delegação?
E, não foi este mesmo senhor mandatário do senhor Álvaro Amaro à
camara da Guarda? Então ontem tanto barafustava com a falta de propostas sobre
o ensino superior, por parte dos candidatos à câmara da Guarda, e hoje que tem
a dizer à despromoção do IPG, o tal que
nas sua palavras faz tanta falta à região.
Que incoerência benza-o Deus.
E que
dirá o senhor mandatário da proposta do presidente da câmara da Guarda de isentar,
de IRC, os empresários que se queiram fixar no interior. Sabe senhor Álvaro
Amaro, os portugueses estão fartos de contribuir para o peditório dos
benefícios fiscais e outras mordomias para empresários. Fartos dessas formas
encapotadas de proteger os mesmos que depois vão pagar salários de miséria.
Exige-se, isso sim que defenda uma formação de qualidade que possibilite a
fixação de empresas pelo nível de formação dos trabalhadores. Basta de
demagogia.
Tenham um bom dia e uma
boa semana dentro do possível.
(Crónica na rádio F - 10 de Fevereiro de 2014)