Foi decidido pelo executivo camarário da Guarda, maioria absoluta do Ps e, depois aprovada, em Assembleia Municipal, igualmente, pela maioria absoluta do Ps, com uns votos tímidos, de alguns deputados do PPD, e com os votos contara do CDS, do Bloco de Esquerda e do PCP, a compra do bacalhau.
Não, não se trata do peixe, tão caro aos portugueses e, com milhares de maneiras para ser cozinhado.
Nada disso!!!
Tratou-se da compra do imóvel, designado de «bacalhau», e que o executivo, depois de ter pago rendas mensais no valor de 12 500 euros e de gastar 200 mil euros em obras, decidiu adquirir à empresa Gonçalves & Gonçalves.
No documento, onde era feita a «justificação» da compra e, que foi distribuído aos deputados, assinado pelo presidente Valente, logo presumivelmente da sua autoria, diz-se a páginas tantas: «Tudo o que se deixou dito obriga a que a cidade da Guarda adopte uma atitude de liderança e ambição, pautada por realismo mas também pela exigência de elevados padrões no seio das suas organizações e no reflexo dos seus objectivos.
Ora não podíamos estar mais de acordo senhor presidente.
No entanto,nem sempre é assim.
Vejamos: a cidade da Guarda deve adoptar uma atitude de liderança e ambição muito bem. Mas diga-nos onde cabe nesta liderança e ambição a venda do hotel turismo?
Elevados padrões no seio das suas organizações, muito bem. E o hotel turismo não tinha
esses padrões??
Mas, mais à frente é dito, no documento de introdução, que ao contrário do arrendamento, a
aquisição apontará um incremento ao património do município.
Bravo senhor presidente.
Só que para uns edifícios a sua auisição é um incremento para o património do município, para outros edificíos, como o caso do
hotel de turismo, já não representou qualquer incremento…...estará o senhor presidente a referir-se à qualidade arquitectónica dos dois edifícios sendo que para os senhores o «bacalhau» tem bem mais valor que o edifício do hotel turismo?
Esclarecido.
Vamos agora à avaliação do imóvel causa final do negócio.
Desde logo estranha-se o facto da avaliação do imóvel ter sido feita por uma entidade «imparcial» (palavras da nota introdutória).
Diz o gabinete de assuntos jurídicos que não existia nenhum técnico interno, leia-se da câmara, disponível para efectuar tal avaliação, por motivos de total imparcialidade, transparência e equidade pelo que pareceu ao gabinete jurídico
«razoável» proceder à contratação externa de um técnico para efectuar a avaliação.
Desde já algumas considerações que nos parecem pertinentes.
O que é isso de não haver nenhum técnico disponível???
Muito trabalho???
Mas não era o negócio urgente como é dito???
(Depois vieram a esclarecer, o senhor deputado Saraiva, da maioria PS, que era preciso que o avaliador estivesse inscrito como tal!!!).
Não se entende esta da disponibilidade.
Depois a referência à imparcialidade.
Senhor presidente afinal quem vai comprar não deve apresentar uma proposta?
Ainda por cima com dinheiros públicos???
Não se entende esta da disponibilidade.
Neste tipo de negócios o comprador e vendedor devem ter os seus valores fundamentados.
Ou não será???
Não se entende a imparcialidade.
Pior ainda quando se fala de transparência e equidade.
Era de todo coreal e, isso sim transparente, que cada uma das partes tivesse o seu avaliador e houvesse um entendimento quanto ao preço.
Mas nada disto foi feito.
Já agora e dado que não encontrámos no site da Despesa Pública o ajuste directo, mais um, sobre o avaliador queremos saber em concreto quanto foi pago pela avaliação.
A resposta do presidente veio....depois de alguma insistência e de pedido de esclarecimento à mesa.
NÃO SABIA!!!!!
Depois a avaliação.
Desde logo uma avaliação feita em Fevereiro de 2012 isto é após o despejo da empresa que se encontrava sediada no r/c e após a
câmara, espanto dos espantos, ter realizado um conjunto de obras de restauro no edifício, no valor de 200 mil euros.
Ora o valor das obras efectuadas não foi descontado no valor do imóvel como o foram as rendas em atraso.
O contribuinte PAGOU A DOBRAR!!!
Não se percebe tal negócio.
Fazem-se obras com dinheiros públicos, desde os arruamentos até às obras de restauro, no próprio edifício e, a avaliação não vai,
necessariamente, ter em conta tais valorizações.
Que rico negócio...para quem vende, claro!!!
Excelente negócio.
Já agora, não se percebe, de igual modo, este «excelente» negócio, quando as freguesias estão a ser privadas das verbas a que têm direito; quando se cortam nos apoios a instituições desportivas e outras.
A dualidade de critérios na distribuição do euro milhões que, dizem, há-de vir é questionável.
Muito questionável.
Assim se percebe a situação financeira da câmara da Guarda.