A propósito de uma mania que se instalou nos jovens, no que ao cabelo diz respeito, o chamado «crista de galo», lembrei-me do poeta português Nicolau Tolentino e um célebre poema que traduz o capilar de certa juventude.
Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a mãe ordena
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali ou a criada.
A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz coa doce voz que o ar
serena:
- «Sumiu-se-lhe um colchão? É forte pena;
Olhe não fique a casa
arruinada...»
- «Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que,
por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto,
Arremete-lhe à cara e ao penteado.
Eis senão quando (caso nunca
visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!...
Nicolau Tolentino