Vara recebeu 'luvas' na sede do BCP.
Segundo a investigação Paulo Penedos, também recebeu 225 mil € em cheques.
Armando Vara e Paulo Penedos receberam dinheiro do sucateiro Manuel Godinho.
Para lá do pedido descoberto numa escuta, o dinheiro foi efectivamente entregue e na própria sede do banco onde é vice-presidente.
Quem o diz é a PJ de Aveiro que, durante meses, montou vigilâncias a todos os envolvidos na operação ‘Face Oculta’, que, à excepção do empresário detido, começam a ser ouvidos pelo juiz na próxima semana.
O Ministério Público de Aveiro sustenta a existência de uma associação criminosa que tinha por objectivo favorecer um empresário de Aveiro junto de empresas participadas pelo Estado. O administrador da maior empresa de consultadoria do País foi constituído arguido mas, em declarações ao DN, nega qualquer envolvimento em práticas ilegais.
Foi este ano, a 25 de Maio, que, segundo o Ministério Público de Aveiro, Armando Vara terá recebido de Manuel Godinho, empresário detido na "Operação Face Oculta", dez mil euros em dinheiro.
O encontro entre ambos ocorreu num gabinete que Armando Vara utilizava enquanto vice-presidente do Millennium bcp.
Este é um pormenor que consta do despacho do MP de Aveiro que ordenou as buscas desta semana. No documento, Vara é incluído numa rede tentacular que tinha como objectivo favorecer os negócios de Manuel Godinho junto das maiores empresas participadas pelo Estado. A investigação assenta, sobretudo, em factos ocorridos este ano.
A investigação levada a cabo pela Polícia Judiciária de Aveiro (PJ) não se limitou a escutas telefónicas. Há no processo inúmeros relatórios de vigilâncias aos suspeitos, os quais incluem fotografias.
Por exemplo, relativamente a Armando Vara, além de escutas, há relatos de vigilância sobre os encontros que manteve com Manuel Godinho. E nos quais, segundo o MP de Aveiro, terá prometido usar a sua influência junto de empresas e decisores públicos a troco de contrapartidas monetárias. Por isso, o vice-presidente do Millennium bcp terá sido constituído arguido pelo crime de tráfico de influências. Além de que Armando Vara é referido no despacho, de acordo com informações recolhidas, como tendo feito um contacto com o anterior ministro das Obras Públicas Mário Lino no sentido de a Refer colocar um ponto final numa contenda judicial com uma empresa de Manuel Godinho.
No que diz respeito a contactos políticos, o MP descreve ainda conversas entre Manuel Godinho e Lopes Barreira, consultor de empresas e constituído arguido no processo, e um dos membros fundadores da extinta Fundação para a Prevenção e Segurança, à qual Armando Vara esteve ligado e que, recorde-se, ditou a sua saída do Governo de Guterres. As escutas na posse dos investigadores dizem respeito a contactos em que Lopes Barreira terá prometido interceder junto de Jorge Coelho no sentido de conseguir mais contratos de empresas do sector empresarial do Estado.
No âmbito político, sabe-se que uma das referências que constam do despacho do MP que ordenou as buscas se prende com os presentes que Manuel Godinho oferecia, por altura do Natal, a titulares de cargos políticos, administradores de empresas, funcionários destas e de serviços públicos, como serviços de finanças, e até para militares da Guarda Republicana.
As suspeitas envolvem ainda Paulo Penedos, filho do presidente da REN, José Penedos, que também deverá ser constituído arguido no processo. O MP de Aveiro afirma que Penedos usou a sua influência junto do pai, com a conivência deste, para conseguir negócios para Manuel Godinho. Por esta intermediação, Paulo Penedos terá recebido 270 mil euros.
Nas suspeitas de crimes de corrupção que terão sido cometidos neste processo, aparece ainda um cabo da GNR que terá recebido uma palete de cimento para "fechar os olhos" a determinadas actividades do empresário de Aveiro.
O ex-ministro e o advogado de Coimbra – filho do actual presidente da REN – receberam de Manuel Godinho contrapartidas monetárias.
Os mandados são claros e as vigilâncias e a apreensão de documentação bancária também não deixam dúvidas.
Desde luvas, cheques ou em dinheiro vivo e a cores a corrupção neste País vai de vento em proa.
Já vale tudo.
Até aqui as corrupções eram ao nível de bancos, facturas falsas, empreiteiros e outros que tais.
Hoje, chegou aos sucateiros!!!
Tudo boa gente, então não é?
«A Justiça em Portugal nunca condena os poderosos».