sexta-feira, outubro 23, 2009

Angústia para o jantar

Anuncia-se um tsunami sem precedentes na Guarda.

A empresa Delphi anunciou que até ao fim do ano serão despedidos 300 trabalhadores, da unidade da Guarda e, até final de Março de 2010, serão despedidos mais 200 trabalhadores.
O caso é demasiado grave para não merecer a atenção de todos, principalmente, dos vários poderes, central e local, mas principalmente pelos eleitos pelo círculo da Guarda à Assembleia da República.
Só que TODOS se calam.
Francisco Assis recentemente nomeado, pelos pares, líder parlamentar do PS terá tempo para se preocupar com os problemas da Guarda?
Saberá, o dito cujo, onde fica a Delphi?
E os outros deputados eleitos que dizem?
Calam como sempre, por deferência à disciplina partidária e aos tachos da conveniência.
Para o concelho da Guarda será mais um rude golpe, na já paupérrima estrutura empregadora.
O alarme foi dado para uma situação de emergência humana e regional.
Já em tempos não muito remotos sucederam-se, como já vem sendo hábito, a prosaica bem intencionada mas de poucos ou nenhuns resultados e, as frases de circunstância, quer dos responsáveis locais quer do próprio governo.
O ministro Pinho, o dos corninhos, chegou mesmo a anunciar que existiria uma empresa, em Castelo Branco, pronta a receber 250 trabalhadores da Delphi.
Só que, mais uma vez, o ministro Pinho faltou à verdade. Um secretário de estado veio logo contradizer o ministro. Afinal, os 250 empregos de Castelo Branco já tinham destinatário marcado e não eram para os trabalhadores da Delphi Guarda.
Com o espectro do desemprego bem visível sucederam-se as reuniões e as vindas à Guarda do ministro da economia. Numa dessas visitas e, acolitado pelo edil camarário, é afirmado que existiam «soluções» para o desemprego anunciado.
O Bloco de Esquerda, que nestas coisas já não vai em festas nem romarias e muito menos em pregoeiros de feira, apresentou na Assembleia da República um requerimento dirigido ao ministro do Trabalho e Solidariedade Social, onde solicitava que lhe fossem dadas respostas a quatro questões.
E quais eram essas questões?
1.º - Que pensava o governo fazer para pressionar a multinacional a limitar ou a minorar os despedimentos?
2.º - Que pensava o governo fazer para apoiar os trabalhadores despedidos, tanto mais que o novo emprego pode ser uma miragem para muitas das vítimas do desemprego?
3.º - Iria o governo elaborar algum estudo e análise da situação da saúde destes trabalhadores, visto que é costume – nomeadamente empresas de material eléctrico - despedirem trabalhadores e trabalhadoras já vitimadas por doenças músculo-esqueléticas, como as tendinites?
4.º - Iria o governo elaborar algum plano que responda à convergência social e humana na cidade e região da Guarda?
A resposta ao requerimento chegou.
Chegou, mas não convenceu.
Não convenceu desde logo porque não deu resposta às legítimas preocupações dos trabalhadores.
Desde logo, porque o MEI fez a avaliação da situação e esperou sentado!!!
Agora que o anúncio do desemprego se fez, onde estão as respostas para a grave crise social que se anuncia?
O espectro do desemprego, dos mais de 500 trabalhadores, é real.
Quanto às tão anunciadas medidas que minorassem o desemprego e a grave crise que afectará irremediavelmente toda a região, não se conhecem.
Pior do que não se conhecerem é a solução apontada, a fórmula de sempre nestes casos – fundo de desemprego e formação profissional.
Ou seja, o tão anunciado «plano» passava unicamente pela formação profissional.
Parece, que para o governo a formação profissional é o paliativo para o desemprego.
Ou seja, não cura mas mitiga o sofrimento do doente
Só por si a formação profissional não é geradora de emprego.
Importa que existam empresas que recebam esses trabalhadores.
Onde estão essas empresas?
A formação profissional interessa, de que maneira, ao governo, pois, desta forma, esconde os reais valores do desemprego em Portugal.
Formação para passar o tempo?
Os trabalhadores querem e exigem medidas concretas, que ajudem a resolver o flagelo do desemprego e não esta camuflagem da situação, mascada do «faz de conta».
Quanto à questão das doenças profissionais, ficou-se a saber que as entidades oficiais, detectaram, num universo de 1220 trabalhadores «apenas» 20 trabalhadores com problemas de doenças músculo-esqueléticas.
Serão apenas 20 trabalhadores?
A dúvida persiste.
Em resumo, da resposta do ministro do Trabalho conclui-se que nada ou quase nada foi feito.
Só promessas!!!
De concreto nada!
O despedimento dos trabalhadores está presente e é real.
E agora?
Este Ps é o partido dos trabalhadores?
Provem-no.