segunda-feira, dezembro 04, 2006

Filhos de um Deus menor


Assinalou-se dia 3 de Dezembro, O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
A Associação Portuguesa de Deficientes (APD) diz não haver "quaisquer razões para comemorar", tendo em conta a existência de "retrocessos consideráveis no processo de inclusão social".
"No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência o panorama actual e do futuro próximo não podia ser mais desolador. As pessoas com deficiência não têm quaisquer razões para comemorar. A hora é de luto e de luta", conclui a APD.
Em comunicado, a APD afirma que "o panorama da situação actual e do futuro próximo não podia ser mais desolador, nomeadamente a nível da educação, do emprego, das prestações sociais e das barreiras físicas e de informação nas ruas e nos edifícios públicos".
A Associação critica igualmente "o fim anunciado dos benefícios fiscais", previsto no orçamento do Estado para 2007, alegando que "muitos trabalhadores com deficiência não serão capazes de fazer face às despesas que decorrem das desvantagens sociais que enfrentam e, por isso, verão seriamente comprometida a inclusão no mercado de trabalho".
Anunciam-se "95 medidas" num Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade 2006-2009.
Mais um Plano.
Já no tempo do governo de Guteres foi aprovada legislação que previa a obrigatoriedade de todos os edifícios públicos, a construir, não tivessem barreiras físicas; previa-se igualmente a eliminação progressiva em todos os edifícios públicos das barreiras existentes.
Só legislação para Português ler, na prática NADA!!!
O «novo» plano, prevê a extensão da escola inclusiva até ao Ensino Superior e o aumento em 30 por cento das valências sociais nesta área.
Mais e mais conversa da treta......
Com todas as Instituições de Ensino a sofrerem cortes orçamentais drásticos, quem acredita nesta «propaganda»?
O plano prevê a concretização de um programa nacional de promoção das acessibilidades, tendo em vista a eliminação gradual das barreiras físicas e tecnológicas.
Mais demagogia.
Terão as câmaras sensibilidade para o problema?
Terão as câmaras vontade de eliminar as barreiras físicas, a começar desde logo por uns simples passeios que possibilitem a circulação livre e segura dos cidadãos portadores de dificuldades de locomoção?
Estarão as empresas prestadoras de serviços, EDP, CTT, Estradas de Portugal «dispostas» a «limpar» todas as barreiras colocadas nos passeios, desde postes de iluminação, marcos de correio, sinais de trânsito, etc....?
Não acreditamos.
Era preciso, acima de tudo, sensibilidade e cultura. Coisas que escasseiam nas mentes dos decisores políticos e económicos deste País.
Anuncia-se o ano de 2009 como o limite para que as medidas sejam concretizadas.
Assim como, a de fazer aceder à formação profissional "públicos" que não conseguem até agora integrar estes programas com regularidade, assim como criar "novos programas de emprego protegido para aqueles que não conseguem trabalhar em meio normal de trabalho".
Anuncia-se!!!
Montesquieu, comparou o governo despótico à atitude atribuída aos selvagens da luisiânia que, quando queriam colher frutos, derrubavam as árvores (Esprit des Lois, livro V, Cap. XIII, ed. Paris, 1856, p.51).
Há que mudar de rumo...