domingo, junho 11, 2023

Ponto de vista

O envelhecimento é algo inevitável e constante nas nossas vidas. Sendo assim, como sociedade, precisamos de uma estrutura e organização para lidarmos com o gradual aumento de idade dos cidadãos. Isso porque com o passar dos anos, as vulnerabilidades do nosso corpo e mente aumentam.
Como consequência, é preciso que as respostas coletivas sejam implementadas para que todos possam usufruir da idade sénior de forma digna e com segurança. Para isso, existem os direitos dos idosos, que visam proteger esses cidadãos, reconhecendo os seus direitos humanos e a sua importância para construção de uma sociedade mais sábia e inclusiva. De maneira direta, os direitos dos idosos são um conjunto de princípios e regras que têm como objetivo garantir a qualidade de vida, a dignidade e a proteção da população idosa, possibilitando o exercício de cidadania. Dessa forma, de entre os direitos garantidos a esse grupo, podemos destacar o direito de envelhecer, o direito à vida, à saúde, à liberdade, à cultura, ao lazer, ao transporte, ao acesso à justiça, à previdência, ao atendimento preferencial, entre outros. Os estudos e também os artigos publicados nos órgãos de comunicação social referem, como facto em que não há dúvidas, que a esmagadora maioria das pensões da Segurança Social são muito baixas, mas normalmente esquece-se de concretizar essa afirmação talvez por desconhecimento ou para não chocar os leitores ou ouvintes ou o governo.
E o mais grave é que essa realidade não se tem alterado nos últimos anos com os governos de António Costa. Pelo contrário, até se tem agravado como se pode provar utilizando dados oficiais divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística.
Ao comparar-se o limiar da pobreza com as pensões médias de sobrevivência, de velhice e de invalidez da Segurança Social verifica-se, de uma forma clara, que a situação se agravou muito durante os governos de António Costa, realidade que ele e a respetiva ministra tentam ocultar. Para o ano de 2023, apesar de não existirem valores que permitam fazer estimativas, sabe-se, segundo dados oficiais, haverá mais de um milhão de pensionistas que receberão muito menos do que a pensão média.
Logo abaixo, muito abaixo, do limiar da pobreza.
E o governo ainda tenta utilizar o argumento da sustentabilidade da Segurança Social para reduzir os aumentos destas pensões de pobreza. Em 8 anos de governos do partido socialista, a Segurança Social acumulou 20 955 milhões € de saldos positivos que têm servido para reduzir o défice orçamental à custa da pobreza extrema de milhões de pensionistas da Segurança Social.
Associado a toda esta pobreza dos pensionistas outro problema se equaciona - a qualidade dos lares.
Não há lares suficientes em Portugal para responderem de forma satisfatória, já nem falo de condições mínimas, para milhões de pensionistas. Com reformas de miséria que estão muito abaixo do limiar de pobreza os pensionistas vegetam, com parcos recursos para a alimentação, sem recursos para comprar os medicamentos em suma para terem uma vida em conformidade com os direitos de um ser humano, quanto mais para pagarem a mensalidade de um lar digno.
As mensalidades dos lares, com algumas condições, são de tal forma exorbitantes que poucos pensionistas os podem pagar. As ditas vagas da Segurança Social existentes nalguns lares são uma ficção pois existem em reduzido número ou estão ocupadas por utentes que não cabem no âmbito de carenciados. É o negócio dos lares a quem uma Segurança Social fecha os olhos.
Assim como fecha os olhos aos lares clandestinos, sem condições, que a cada dia são notícia.
Uma miséria de situação com a conivência das autoridades que nada fazem ou querem fazer, os negócios e os interesses são mais que muitos, para resolver a praga dos lares clandestinos. E já nem vamos falar nos apoios astronómicos que certos lares recebem da Segurança Social. Outro escândalo dentro da corrupção total do negócio dos lares.
E que dizer do escândalo de idosos que dão entrada nas urgências hospitalares e mesmo depois de terem tido alta acabam por permanecer internados, abandonados pelas famílias e sem condições de voltar a casa?
Se por um lado as famílias não têm condições de os receber e abandonam-nos, por outro lado é manifesta a falta de resposta do Estado dito social, mas cada vez mais assistencialista.
Com o governo a dar sucessivas esmolas de cêntimos que não chegam para fazer face à galopante inflacção e subida dos bens de primeira necessidade.
Uma, mais uma, vergonhosa desresponsabilização de todos. De todos também quer dizer de toda a sociedade.
Lembrar Orlando Villas-Boas quando dizia que nas sociedades ancestrais: “Na tribo o velho é o dono da história, o adulto é o dono da aldeia e a criança é o dono do mundo”. Assim os governantes quisessem que os direitos dos idosos vingassem numa sociedade que cada vez mais os esquece.
Tenham uma boa semana.