Acabou a telenovela da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP.
Muitos portugueses ter-se-ão esquecido, muito por culpa do mediatismo dado a casos laterais fabricados para potenciar a distração, que esta Comissão Parlamentar de Inquérito tinha como objectivo a avaliação política da gestão da TAP. Mas não passou de objectivo.
Mais de 160 horas de fabulações, estórias que em caso algum farão parte da História deste Portugal, muitos pedidos de desculpa, contradições mais que muitas, vedetismo mais que muito quer ao nível dos inquiridos como dos inquiridores, o desplante com que ministros e secretários de estado, pagos pelo contribuinte português logo com responsabilidades governamentais argumentam o desconhecimento de matérias inerentes aos seus cargos, com as desculpas de sempre, «não sei», «não me lembro». Um chorrilho de conversas da treta só para impressionar o eleitorado. Pelo meio há sempre palavras em inglês para impressionar, esquecendo-se que como disse Fernando Pessoa, “a minha Pátria é a Língua Portuguesa”. Mas parece que para esta gente não há Pátria. É o inglês técnico do outro. Mas analisando os vários depoimentos fica mais que esclarecida a forma como os vários governos lidam com as empresas públicas e muito em particular o partido socialista. O social porreirismo, as porta giratórias para familiares da linha directa ou enviesada e dos amigalhaços. A falta de responsabilidade dos ministros e secretários pelas decisões tomadas ou pela ausência delas. As perigosas ligações governamentais com as diferentes forças policiais, nomeadamente com o SIS. E, por último mas não menos importante, a falta de preparação da quase totalidade dos deputados que se deixaram envolver em patranhas de estórias de faca e alguidar esquecendo o real objectivo da comissão. Ficámos sem resposta a uma panóplia de perguntas importantes para o cidadão comum que entregou de mão beijada 3 200 milhões a uma empresa que só conseguiu sobreviver penalizando os mesmos de sempre - os trabalhadores. Despedimentos em barda, reduções salariais enquanto a elite se banqueteava com chorudos vencimentos, indemnizações, tentativas de renovação da frota automóvel e da tentativa de mudança de instalações. Tudo, mas tudo pago pelo cidadão. Mas o cardápio da elite governativa é sempre o mesmo. Com a agravante de se desculparem com planos e mais planos de reestruturação impostos por uma outra elite tecnocrata, nunca sujeita a votação dos cidadãos, que se arvora em dona das vidas de todos os cidadãos. Como noutros casos os ditos planos, por conveniência de serviço, são sempre alterados por forma a beneficiarem os mesmos de sempre e prejudicando milhões. Nada do que foi feito foi por ingenuidade dos actores políticos. Eles sabiam bem e conheciam melhor o caminho a ser percorrido e as consequências finais do seu percurso. Fica a certeza que o exemplo TAP tem repercussões e aplica-se a todas as empresas públicas geridas por influência directa dos poderes governamentais, sejam eles exercidos por qualquer força política. É assim a chamada democracia representativa em completa putrefação. O grande vencedor de toda esta embrulhada foi António Costa. Passou ao lado de tudo. Nunca foi referenciado como sendo o primeiro-ministro que escolheu e deu confiança política a Pedro Nuno Santos, a um Galamba, a Medina, a Alexandra Reis, a Hugo Mendes e às figuras de decoração Eugénia Correia e Frederico Pinheiro e outros que tais. Culpa de uma Comunicação Social submissa e mais interessada no conteúdo do balde. Enquanto a Comunicação Social entretinha os portugueses com as habilidades circenses da Comissão Parlamentar o país continuava a definhar. Os dados que a economia portuguesa parece apresentar que levam às hosanas cantadas por Costa não têm resultado prático na vida dos portugueses. A dona da política financeira europeia, uma tal Lagarde, continua a preferir aumentar os lucros da agiotagem e dos cofres do Estado em vez de aumentar os salários e pensões. E o aumento dos juros não vai ficar por aqui. Haverá mais e muito mais avisa a Lagarde. A dita inflação que enche a boca da elite e penaliza os cidadãos possibilita que em Portugal o Estado realize um saque de 8,8 milhões de euros por dia aos cidadãos. Uma brutalidade. As prestações dos empréstimos à habitação e ao consumo privado vão continuar em ascensão. Deixem-se levar pela lábia de certos entreténs, contorcionistas e outros artistas do circo que a miséria veio para ficar.
Tenham uma boa semana.