A Guarda entrou definitivamente, por imposição camarária, numa onda de festas.
A cada minuto é lançado um novo evento para entreter os munícipes e distraí-los da realidade.
Com os santos, ditos populares, distribuídos por bairros e freguesias, deu-se seguimento ao baile mandado.
A acompanhar a festança não podia mesmo faltar a sardinhada, o caldo de grão, a cerveja ou o vinho a correr pelas gargantas que a crise pode esperar.
Mas a degustação também se faz com prémios para todos os gostos e para os mais variados e estapafúrdios eventos.
O que importa é distrair e manter o povo na mais profunda obscuridade face à grave crise nacional.
E a marcha, a toque de caixa, das festas há-de continuar com as Festas da cidade lá para fins de Julho, depois ainda a Feira Farta lá por alturas do S. Francisco e a Cidade Natal. O povo que pague os arraiais.
E de bailes, com a típica chula a ter papel de relevo, falamos dos concursos para filho, filha, irmão, irmã, primo, prima, marido e consorte. Tudo no mais profundo submundo de interesses pessoais com o nepotismo a servir a marcha do tempo e do modo.
E a aquisição dos imóveis é coisa para acompanhar o baile. Compra-se tudo sem um fim qualquer que seja.
Terá a Câmara no futuro meios para preservar tantos e tantos imóveis?
Duvida-se.
Já nem do património paisagístico cuidam quanto mais de mais e mais imóveis.
Lá se adquiriram mais 10 imóveis a juntar a outros. Mais uma marcha de 475 mil euros. Bem se conhece a razão de tais compras. Salvar instituições da bancarrota e os munícipes que paguem.
Mas de estelionatários está a galeria dos presidentes da Câmara da Guarda repleta.
Com tanto imóvel adquirido para restaurar e outros prometidos para construção nada melhor que uma empresa municipal para gerir tal património. Mais uma empresa municipal já com gestores bem definidos para que não haja contestações.
Siga o baile.
E que dizer do lapso da Câmara da Guarda de não ter enviado, em tempo útil para o fisco, a lista dos munícipes mais desfavorecidos do concelho para que pagassem menos IMI?
Esquecimento? Mas que esquecimento?
As festas são tantas que as obrigações e as promessas feitas são esquecidas.
Neste, como noutros casos. É o baile do costume. Como resultado do lapso os munícipes acabam por pagar mais do que deviam. Sem falar no aumento do imposto para todos desfavorecidos ou não.
Baila-se ao som da marcha tocada pela sanfona.
Por falar em sanfona lembrar que o eurodeputado Álvaro Amaro aquando da decisão judicial do Tribunal da Guarda, que o condenou com pena suspensa, em Abril deste ano, anunciou a renúncia ao cargo. Mas a renúncia nunca mais aconteceu.
Só falta um ano para o fim do mandato e é provável que nunca aconteça.
Mas o eurodeputado continua a fazer a sua vidinha. Agora convidou mais de metade da bancada do PSD, boa parte da bancada do Pela Guarda e três elementos da bancada do PS da Assembleia Municipal da Guarda a irem a Bruxelas.
Bem sei que é hábito o eurodeputado do partido A, como do partido B ou do partido C organizarem viagens a Bruxelas quer para partidários quer para amigalhaços.
Todos os eurodeputados o fazem. Logo mais legitima a minha revolta face a estas excursões.
Uma Comissão Europeia, e todas as nefastas organizações dela dependentes ou associadas que condicionam a vida dos cidadãos. Determinam a vida miserável dos mesmos. Aprovam ou rejeitam os orçamentos dos vários parlamentos nacionais. E organizam, vergonhosamente, excursões à sede do palácio dos tecnocratas. Um nojo, um ultraje para todos os milhões que vivem na pobreza.
E assim lá vão os foliões com arquinhos e balões até Bruxelas a expensas dos contribuintes, pois claro.
Por fim, não podemos deixar de saudar a Rádio F por mais um aniversário. O seu trigésimo terceiro aniversário. E ao festejarmos esta data não podemos, não devemos esquecer o seu ex director Virgílio Ardérius que recentemente nos deixou.
Ficam os nossos sinceros votos para que a Rádio F continue a defender o seu objectivo traçado aquando da primeira ida para o ar, a de dar uma nova voz à região através da pluralidade, isenção e rigor.
Que prossiga com afinco e tenacidade o legado que Virgílio Ardérius deixou.
Sabemos das dificuldades que hoje em dia se colocam àqueles que na Comunicação Social procuram na isenção, pluralidade e rigor da informação o seu lema para um trabalho sério.
Parabéns a todos os que fazem a Rádio F.
E como esta é a última crónica antes da paragem para férias desejo que as gozem da melhor forma possível.