quinta-feira, novembro 06, 2014

Os «pensantes»


Todos os que estudaram em Coimbra, ou por lá viveram, conhecem de cor e salteado as anedotas que se contavam dos catedráticos da Faculdade de Direito.
São milhares de anedotas que colocam a ridículo uma faculdade que, com honrosas excepções, era o paradigma do ensino elitista baseado na filosofia alemã. 
Os avós tinham sido professores na faculdade, os filhos regiam as mesmas cadeiras e … os netos continuavam a DINASTIA!
Conta-se que um dos catedráticos, cujo nome pouco importa, um dia decidiu dar estampa às aulas da cadeira que regia.
Vai daí a sebenta saiu, foi colocada à venda mas em número reduzido. Diziam as más línguas da época, que tinha sido uma imposição do catedrático para que a «sua» teoria não se vulgarizasse entre os estudantes.
O catedrático foi envelhecendo e a «bendita» sebenta nunca mais viu nova estampa, acompanhando a idade do professor. A sebenta «passava» de aluno para aluno e já existia uma com várias anotações. Anotações que tinham mais a ver com o método expositivo e repetitivo do professor do que propriamente com casos práticos da cadeira.
A mais célebre de todas as anotações, e que toda a academia comentava na década de 70, era a famosa gargalhada.
A anotação registada por um aluno dizia só isto: « e aqui o professor dá uma gargalhada»!
Todo o tempo que o ilustre catedrático se arrastou pelos corredores da Faculdade de Direito de Coimbra, o episódio repetia-se e, o professor «dava» sempre a gargalhada da praxe, no momento certo da anotação … até ao dia que lhe deu o fanico!
Eu a pensar que, hodiernamente, nada disto fazia sentido numa faculdade. 
Agora leio que um debate é proibido na Faculdade de Direito, por ser ideológico.
Mas o que é isto?
Ideológico?
Agora, há uns pensantes que deliberam se um debate é ou não ideológico?
Faltou a autorização prévia da Alta Autoridade da CENSURA?
Só pode!
Alguém PAROU no tempo ou acordou devido a alguma assombração ou encarnação do tipo de Santa Comba do Dão!
Só pode…
O que nada me espantaria!