O poder secreto do Opus Dei
Obra
de Deus controla várias entidades que têm um património superior a 80 milhões
de euros.
Está
ligada a uma financeira de capitais de risco e conta com cerca de 1500
seguidores em Portugal.
Jovens
com pouco mais de 14 anos e oriundos de famílias abastadas são a base de
recrutamento.
São
educados para se tornarem santos e difundir “a mensagem de que o trabalho e as
circunstâncias habituais são ocasião para o encontro com Deus, o serviço aos
outros e o melhoramento da sociedade”. Estamos a falar da Opus Dei, a “secreta”
e polémica organização da Igreja Católica, que em Portugal tem cerca de
1500 seguidores, na sua maioria mulheres e casados. A forma de atingir tais
fins e o vasto património que as várias entidades ligadas à Obra de Deus
possuem é que levanta muitas dúvidas sobre os verdadeiros objectivos da
instituição.
A alimentar estas dúvidas está o facto de se desconhecerem quem são e que cargos ocupam os referidos “seguidores” na sociedade portuguesa, sendo certo que deles fazem parte nomes sonantes como Ramalho Eanes, ex-presidente da República, e a sua mulher, o conhecido bancário Jardim Gonçalves, o conselheiro de Estado e ex-ministro da Segurança Social, Bagão Félix, e o antigo presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, para dar apenas alguns exemplos.
Oficialmente, o Opus Dei não tem nada em seu nome. Está tudo nas mãos de várias instituições que têm ligações evidentes à organização. A principal é a Fundação Maria António Barreiro, fundada após a morte desta mulher, em meados da década de 80 do século passado, e que deixou, em testamento, a sua gigantesca fortuna nas mãos do ex- advogado do BCP, José Afonso Gil, um membro da Opus Dei e que é o presidente vitalício da instituição, da qual fazem ainda parte, Francisco Oliveira Dias, ex-presidente da Assembleia da República, e Carlos Câmara Pestana, ligado ao BPI e ao Banco Itaú, mais dois destacados membros do Opus Dei.
A alimentar estas dúvidas está o facto de se desconhecerem quem são e que cargos ocupam os referidos “seguidores” na sociedade portuguesa, sendo certo que deles fazem parte nomes sonantes como Ramalho Eanes, ex-presidente da República, e a sua mulher, o conhecido bancário Jardim Gonçalves, o conselheiro de Estado e ex-ministro da Segurança Social, Bagão Félix, e o antigo presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, para dar apenas alguns exemplos.
Oficialmente, o Opus Dei não tem nada em seu nome. Está tudo nas mãos de várias instituições que têm ligações evidentes à organização. A principal é a Fundação Maria António Barreiro, fundada após a morte desta mulher, em meados da década de 80 do século passado, e que deixou, em testamento, a sua gigantesca fortuna nas mãos do ex- advogado do BCP, José Afonso Gil, um membro da Opus Dei e que é o presidente vitalício da instituição, da qual fazem ainda parte, Francisco Oliveira Dias, ex-presidente da Assembleia da República, e Carlos Câmara Pestana, ligado ao BPI e ao Banco Itaú, mais dois destacados membros do Opus Dei.
Da
fortuna deixada por Maria Antónia Barreiro e que deu origem à fundação ligada
ao Opus Dei faziam parte 50% do quarteirão onde funciona a Pastelaria
Suíça, no Rossio, em pleno coração de Lisboa, que foi vendido pouco depois da
morte da benemérita. O negócio terá rendido cerca de 10 milhões de euros em
valores actuais. A herança incluía ainda mais 18 prédios espalhados por
Lisboa, jóias, depósitos a prazo em vários bancos e títulos do tesouro. A sua
fortuna tem sido usada em obras do Opus Dei desde então e a Fundação tem um
património superior a 41 milhões de euros. Em seu nome estão quase uma centena
de imóveis espalhados pelas freguesias de Penha de França, S. Sebastião da
Pedreira, Olivais e S. Domingos de Benfica. Só em Marvila, a fundação tem 10
prédios, nove lojas e nove armazéns, sendo que um deles vale cerca de 500 mil
euros. A instituição é igualmente proprietária de mais de metade da Rua
Fernando Palha, na zona Oriental de Lisboa.
Em
nome da Fundação Maria Antónia Barreiro está um terreno junto à Universidade
Católica, em Lisboa, onde nasceu a residência universitária Montes Claros e o
Oratório S. Josemaria Escrivá, o santo fundador do Opus Dei.
O Centro de Orientação Familiar, que promove acções de formação para casais, a funcionar num prédio da Rua do Possolo, ao lado da residência do presidente da República, Cavaco Silva, é também da Fundação e na sua criação esteve envolvido o conhecido banqueiro Jardim Gonçalves.
O Centro de Orientação Familiar, que promove acções de formação para casais, a funcionar num prédio da Rua do Possolo, ao lado da residência do presidente da República, Cavaco Silva, é também da Fundação e na sua criação esteve envolvido o conhecido banqueiro Jardim Gonçalves.
O
Opus Dei tem igualmente ao seu serviço a Cooperativa de Fomento de Iniciativas
Culturais (Cofic), entidade que financia o governo da Obra e que possui quatro
imóveis localizados em Viseu e dois em Coimbra, cujo valor ronda os dois
milhões de euros. A cooperativa tem 18 imóveis registados em seu nome,
entre os quais está a Quinta do Paço do Lumiar, com mais de 10 mil metros
quadrados, onde funciona a sede do Opus Dei e vive o líder da organização em
Portugal, o vigário regional José Rafael Espírito Santo. Só esta quinta, com o
seu sumptuoso palacete, está avaliada em cerca de 20 milhões de euros.
A
cooperativa é ainda dona de um prédio no Campo Grande, onde funciona o Clube Xénon,
vocacionado para organizar actividades para rapazes e que é um dos principais
pontos de captação de novos membros para a Obra. O prédio foi uma doação da
ISCAL, Sociedade Imobiliária Civil, administrada por três membros do Opus, que
também deixou uma quinta em Vila Nova de Gaia, onde a organização construiu um
edifício para acolher os participantes nos seus retiros espirituais. Um
complexo igual foi construído em Almançor, no Alentejo, em terrenos doados à
cooperativa por Alfredo Cunhal, tio do fundador do PCP, Álvaro Cunhal.
Mas o investimento onde o Opus Dei aparece envolvido e que provoca mais estranheza é a Naves, uma sociedade de capitais de risco.
A Naves funciona na própria escola superior, na Calçada da Palma de baixo, em Lisboa e tem activos superiores a um milhão de euros e participações na imobiliária In Time (de Gaia) e na Várzea da Rainha Impressores, uma empresa que é presidida por Zita Seabra, que também dirige a editora Althêia, responsável pela publicação, no ano passado, de uma biografia do fundador do Opus, Josemaria Escrivá.
A Escola Profissional Vale do Rio, em Oeiras, o Centro de Actividades Culturais do campo Grande, o Colégio Universitário da Boavista e o Clube Vega, no Porto, são outras instituições ligadas ao Opus Dei, que também tem o Hotel 3 Pastorinhos, localizado a escassos 50 metros do Santuário de Fátima.
Mas o investimento onde o Opus Dei aparece envolvido e que provoca mais estranheza é a Naves, uma sociedade de capitais de risco.
A Naves funciona na própria escola superior, na Calçada da Palma de baixo, em Lisboa e tem activos superiores a um milhão de euros e participações na imobiliária In Time (de Gaia) e na Várzea da Rainha Impressores, uma empresa que é presidida por Zita Seabra, que também dirige a editora Althêia, responsável pela publicação, no ano passado, de uma biografia do fundador do Opus, Josemaria Escrivá.
A Escola Profissional Vale do Rio, em Oeiras, o Centro de Actividades Culturais do campo Grande, o Colégio Universitário da Boavista e o Clube Vega, no Porto, são outras instituições ligadas ao Opus Dei, que também tem o Hotel 3 Pastorinhos, localizado a escassos 50 metros do Santuário de Fátima.
“O
Opus Dei é uma instituição legítima, existente ao abrigo do Direito
Concordatário, que pertence à organização da Igreja, e por isso também sujeita
ao escrutínio das normais instâncias judiciais. A missão do Opus Dei é
evangelizadora. Tal como todas as outras instituições da Igreja, cada uma à sua
maneira, procura que cada pessoa se abra a Deus, aprenda a encontrá-lo na vida
diária, integrando-se na vida da Igreja. A actividade do Opus Dei resume-se na
formação dos fiéis da prelatura para que desenvolvam – cada um no lugar que tem
na Igreja e no mundo – uma actividade apostólica multiforme, promovendo em seu
redor o ideal da chamada universal à santidade”, explicou o assessor de Imprensa
do Opus Dei, Pedro Gil.
Pedro
Gil salientou ainda que cada um dos membros integrantes da prelatura (é assim
que também se designa o Opus) faz face às suas necessidades económicas pessoais
e familiares por meio do trabalho profissional habitual. “Além de se
sustentarem pessoalmente, os fiéis do Opus Dei e os cooperadores cobrem os
gastos inerentes às necessidades pastorais da prelatura. Estes gastos
reduzem-se, basicamente, aos do sustento e formação dos sacerdotes da
prelatura, às despesas referentes à sede da cúria prelatícia, bem como às dos
governos regionais ou das delegações e às esmolas que a prelatura concede. Como
é natural, os fiéis do Opus Dei ajudam também igrejas, paróquias, etc”,
concluiu o assessor do Opus Dei em Portugal.
Os
numerários e agregados são outra categoria de membros do Opus Dei, porventura
os de mais difícil reprodução. Além de lhes serem feitas as mesmas exigências
que aos supranumerários (seguidores casados), conhecem imposições que os
aproximam de figuras claustrais sem hábito, como o celibato apostólico, a
permanência nos centros da Obra, e a mortificação corporal, que passa pelos
tradicionais jejuns e abstinências e, aos sábados, pela autoflagelação e uso de
cilícios – espécie de cinto áspero, de corda ou arame, aplicado sobre a pele.
Aos numerários não lhes é consentido celebrar com as famílias as festas do
Natal, Páscoa e Ano Novo. Há uma vigilância sobre os quartos, a
correspondência, e o acesso a espectáculos públicos. Todos os proventos –
intelectuais ou outros – são entregues à Obra, que por sua vez apenas lhes dá
dinheiro para despesas mínimas. Os agregados não têm normalmente formação
universitária nem vivem nas casas da Obra mas assumem os mesmos compromissos.
Além dos castigos corporais e da confissão, outra tarefa semanal é o encontro com o director espiritual, papel atribuído a um leigo designado pela estrutura. Se for caso disso, é proposta a “correcção fraterna”, que não passa de uma punição ou acto de contrição exigidos pelo director espiritual e que é um dos métodos de controlo das consciências no interior da Obra de Balaguer. Segundo testemunhos de dissidentes que circulam na Internet, estes métodos têm produzido enormes estragos no tecido mental dos membros.
Além dos castigos corporais e da confissão, outra tarefa semanal é o encontro com o director espiritual, papel atribuído a um leigo designado pela estrutura. Se for caso disso, é proposta a “correcção fraterna”, que não passa de uma punição ou acto de contrição exigidos pelo director espiritual e que é um dos métodos de controlo das consciências no interior da Obra de Balaguer. Segundo testemunhos de dissidentes que circulam na Internet, estes métodos têm produzido enormes estragos no tecido mental dos membros.
D.
Alberto Cosme do Amaral, falecido bispo de Leiria, foi, antes de receber o episcopado,
o primeiro padre diocesano a associar-se às estruturas da organização em
Portugal. São cerca de meia centena os padres portugueses da Prelatura,
cifrando-se a nível mundial nos 1800, incluindo diáconos. Dispersos pelos
centros do Opus Dei, os padres fazem serviço de confissões e dão apoio aos
tribunais diocesanos.
(pesquisa realizada em vários sites)