quinta-feira, junho 05, 2014

Só eu sei por que não vou.....


Eu não vou ou Sei o que fizeste no Verão passado

Tal como o economista Albano Martins e ao contrário do meu colega director do Tribuna de Macau José Rocha Dinis, eu não vou à recepção de Cavaco Silva, na Torre de Macau. Bem me podem desfiar o argumento de que foi legitimamente eleito pelo povo português: pois Hitler também foi eleito legitimamente pelo povo alemão e nada me faria apertar a mão ao bigodudo como não o faria a este homem que tem destruído o meu país desde os anos 80.
Claro que não estou a comparar Cavaco ao ditador alemão mas sim a legitimidade com que chegou ao poder. Logo, tal não é argumento. Que, em termos estéticos, o actual presidente representa o pior de Portugal, com a sua pose salazarenta, o discurso horripilante, o ar de manequim da Rua dos Fanqueiros e o seu passado das Finanças, isso influi muito pouco na minha decisão.
O que me impede de estar na sala com o personagem é de ordem moral e política. Na minha opinião, Cavaco Silva é um dos principais responsáveis pela degradação do país e pelo fenecimento das conquistas de Abril. Ele e, sobretudo, os seus amigos e clique, criminosos encartados, em cujo rol nem sequer falta um homicida. Como posso apertar a mão a semelhante homem?
Maestro da maioria laranja, vendedor do país aos pedaços para gáudio dos que recebem percentagens e benesses, amigo dos bancos que são os principais responsáveis pela crise, este presidente tem sido um cancro na política portuguesa. Não o único, mas um dos mais perigosos, sobretudo porque, ainda por cima, assume uma pose de dama ofendida quando alguém chama a atenção, por exemplo, para os ganhos que usufruiu na compra e venda apressada das acções da famigerada Sociedade Lusa de Negócios, a conselho do seu amigo e secretário de Estado no seu governo Oliveira e Costa, hoje preso. Não terá existido neste caso o crime de acesso a informação privilegiada?
E não me venham com o discurso de que não foi o único culpado e que os tipos do PS também têm culpas no cartório. Claro que têm e por isso é que, entre PSD e PS, uma mão lava a outra. Será que o facto de terem existido outros culpados de algum modo o desculpa? É óbvio que não.
Cavaco Silva era primeiro-ministro quando a União Europeia despejava em Portugal milhões e milhões de euros por ano. Para onde foi o dinheiro? Nesse tempo, a dimensão do Estado cresceu desmesuradamente para albergar e pagar favores ao boys que formaram o Cavaquistão. Foi também nesse tempo que se consolidou a elite de gente que forma um grupo de ociosos, ciosos de fortuna rápida, normalmente à conta do erário público ou dos favores que prestaram às empresas e aos bancos enquanto membros do governo.
Por último: muito mais haveria para dizer mas deixo apenas mais uma – o seu governo nos anos 90, tal como o actual governo de Passos Coelho, demonstrou um enorme desinteresse e mesmo desrespeito pela cultura. Acabou com o respectivo ministério e nomeou Santana Lopes como secretário de Estado. Foi sob as suas ordens que o lamentável sub-secretário Sousa Lara impediu a candidatura de José Saramago ao Prémio Literário Europeu 1992, uma atitude a lembrar a censura fascista e a demonstrar uma total insensibilidade e desconhecimento do que é a cultura. Que respeito posso ter eu por este homem?
Não dá. É que eu sei o que fizeste no Verão passado.
* Este texto não é um editorial do director do Hoje Macau, mas um artigo de opinião de um cidadão português, residente em Macau há 24 anos.
 GOSTEI DE LER!!
Este cidadão foi dos que não TRANSPORTOU MALAS CHEIAS DE DINHEIRO DE MACAU PARA LISBOA!!!
POIS É ...... OUTROS NÃO PODEM DIZER O MESMO.
NÃO É, FOCINHO DE PORCO???