É uma das maiores empresas de trabalho temporário. Empresas deste grupo
trabalham para a ZON, Nokia Solutions and Networks e até para o Banco de
Portugal.
As alegações são feitas por vários pessoas a trabalhar para várias
empresas, sob um total anonimato, pois as chefias avisaram para este assunto
ficar “escondido” até 15 de Janeiro.
O Natal pode ser mais “pobre” para muitos dos empregados deste grupo
empresarial que tem várias empresas a trabalhar até para o Banco de Portugal.
Alguns trabalhadores foram contactados na passada sexta-feira para
serem informados de que não iriam receber o subsídio de Natal conforme
estava previsto até ao dia 15 de Dezembro.De acordo com uma das nossas
fontes, foram designadas determinadas pessoas da empresa, para serem
“portadoras de más notícias” que lêem ao trabalhador da empresa de trabalho
temporário um script de onde se podem destacar os seguintes informações para
justificar estas medidas: “são medidas impostas pela troika”, “não temos
liquidez suficiente” e “o cliente onde você está não nos pagou ainda este mês”.
O Tugaleaks contactou a ZON, onde alguns trabalhadores estão sem receber os
subsídios, que não comentou a situação até ao momento.
Quando as pessoas que já sabiam da situação são informadas, é-lhes dito
algo como isto:
«O seu colega não tinha nada que lhe dar essa informação, isso demonstra
falta de carácter e de formação, mas não se preocupe que isso será comunicado
ao superior dele. A senhora trabalha para uma empresa e não tem nada a ver com
o que se passa aqui connosco. O que fazemos ao dinheiro da empresa não lhe diz
respeito, Você só tem de se preocupar em trabalhar.
Mas já que faz tanta questão, posso-lhe dizer que a estratégia da
administração tem sido comprar muitas empresas em pouco tempo e por isso as
entidades bancárias com quem trabalhamos neste momento não nos concedem
crédito, crédito esse que iríamos usar para pagar os subsídios, pois estão elas
próprias sujeitas a testes de stress pela troika. se quer culpar alguem culpe
os bancos e a troika»
Quando o trabalhador apresenta alguma discordância, o discurso passa a ser
outro:
«Você prefere ter prendas e não pagar contas? É que, neste momento, ou nós
temos dinheiro para vos pagar o salário no final de Dezembro ou para vos pagar
o subsídio de Natal hoje. Optámos obviamente, por pagar o salário de Dezembro,
pois é essa a nossa prioridade e pagaremos o subsídio de Natal até dia 15 de
Janeiro, quando houver liquidez».
Embora sem comentários da empresa Reditus, o Tugaleaks sabe que isto
acontece apenas em algumas empresas. A ZON e a NSN são apenas algumas das
empresas com subsídio em atraso, mas por exemplo na EDP que tem trabalhadores
pela Reditus no callcenter de Seia o subsídio foi recebido a tempo e horas.
Há também a informação de que hoje começaram algumas pessoas a receber o
subsídio, fruto provavelmente da pressão, mas ainda há algumas pessoas sem
receberem, estimando-se em algumas centenas de trabalhadores.
De acordo com o Artigo 263º do Código do Trabalho, “[o] trabalhador tem
direito a subsídio de Natal de valor igual a um mês de retribuição, que deve
ser pago até 15 de Dezembro de cada ano”.
O mesmo documento afirma ainda que “[c]onstitui contra-ordenação muito
grave a violação do disposto neste artigo”.