A Alemanha enviou nos últimos anos crianças e jovens problemáticos para serem reeducados em Portugal por associações privadas, mas entre eles têm surgido casos de criminalidade e até de suicídio, revelou a televisão pública ZDF.
Na reportagem surge uma alemã que trabalhou durante oito anos para uma das associações dizendo que os relatórios que fazia sobre a evolução do comportamento dos jovens "eram censurados" para que eles não fossem reenviados para a Alemanha e a associação não perdesse o subsídio do Estado.
A ex-educadora, que não é identificada na reportagem, acusa as associações de serem "uma verdadeira máfia social", que só têm interesse em manter os jovens em Portugal o máximo de tempo possível, para receberem dinheiro da assistência social alemã.
Um jovem alemão toxicodependente, Gordon, de 22 anos, confessa também à ZDF que teve 17 tutores desde que chegou a Portugal, há cinco anos, e que alguns deles também eram consumidores drogas.
As ajudas do Estado alemão para a reeducação de Gordon, pagas a uma associação privada em Portugal, atingiam 3800 euros por mês e cessaram quando ele completou 18 anos, diz-se na reportagem.
A ZDF entrevistou também dois pedagogos que cuidaram de jovens alemães em Portugal, entretanto regressados à Alemanha, que contam que o caso mais problemático foi o de um jovem que já tinha tentado suicidar-se na Alemanha e que depois também tentou matar-se em Portugal, engolindo lâminas.
Além disso, o canal público alemão falou com o presidente do Instituto de Segurança Social (ISS), Edmundo Martinho, que confirmou que já houve dois casos de suicídio entre jovens alemães problemáticos, além de vários delitos cometidos por estes.
O mesmo responsável revelou também que várias associações alemãs que fazem este trabalho já estão na mira do Ministério Público português.
"Há vários casos de jovens em estado crítico, entregues à sua sorte, e casos de criminalidade", afirmou o presidente do ISS.
"Esta situação só é boa para as autoridades alemãs, que se livram dos jovens problemáticos, e para as associações que tomam conta deles, que ganham bom dinheiro, mas é má para os jovens", disse ainda Edmundo Martinho.