Li aqui o artigo que passo a transcrever:
"Esta crise não pode ser resolvida recorrendo aos princípios, às práticas e às políticas que a provocaram. Nada deve ficar como dantes."
in PS: A força da Mudança
Moção ao XVI Congresso do PS
Já se sabia que esta crise foi ouro sobre azul para o Governo:
1. Permite misturar a crise de emprego e crescimento que já vinha de trás com a crise financeira, permitindo chutar as responsabilidade para outros cantos da Europa e do Mundo.
2. Permite justificar medidas populares (e o seu carácter temporário?) em ano de eleições, protegendo o Governo das acusações de eleitoralismo.
3. Permite atirar as responsabilidades da política económica nacional e internacional para a direita, como se o PS tivesse andado a remar contra a maré.
A moção não engana.
O Congresso do PS será um remake de um filme antigo: a reconciliação com a base do Partido, a vitória da "ala esquerda", a "renovação da esperança", etc.
A mensagem para os eleitores é clara: Em 2009, voltem a acreditar!
Mesmo assim, não se pense que a moção assume a mais pequena dimensão auto-crítica em relação a quatro anos de deriva ideológica. Nem mesmo um bocadinho pequenino. São 25 páginas de propaganda e contentamento...
Com efeito, o mais extraordinário nesta moção é o desplante com que o Primeiro-Ministro de Portugal, que governou com maioria absoluta durante quase quatro anos e alinhou com tudo o que foi política económica europeia, volta fresquinho como uma alface e fala como se tivesse andado (como andaram muitos) a bradar no deserto.
"Nada será como dantes."
«O mundo acaba de assistir à clamorosa derrota do pensamento político neoliberal. A ideologia do mercado entregue a si próprio, sem Estado nem regulação capaz, e a especulação desenfreada nos mercados financeiros são os responsáveis principais pela profunda crise que se abateu sobre toda a economia mundial».
Parece uma revisão em baixa das expectativas do «socialismo moderno» no capitalismo real. Que linguagem radical! Gostaria tanto de acreditar que daí irá sair alguma coisa diferente na governação.
Faz lembrar o famoso mural pintado durante a invasão de Praga: "Ivan, quantas vezes nos vais libertar?"
Ou seja, em português claro:«à primeira todos caem; à segunda só cai quem quer e à terceira caem os BURROS.»