sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Ponto de vista

O povo, na sua sabedoria, diz que «tudo o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita». 
Vem à memória a forma como o Instituto Politécnico da Guarda nasceu, cresceu e se tornou na instituição que hoje é, ameaçada de extinção ou pelo menos de redução de importância. 
Não vamos ressuscitar fantasmas que passam por vicissitudes várias que determinaram muito do que ainda hoje é o Instituto Politécnico da Guarda. Só que temos memória e percebemos a forma como a instituição foi moldada para ter o fim anunciado. Importa pois perceber que existem razões estruturais que contribuíram para a actual situação mas há outras que se foram construindo para que se agudizassem os problemas. 
O Ministério da Educação e Ciência do governo PSD e CDS vem garantir financiamento de 140 milhões de euros, para sete anos, para cursos técnicos superiores profissionais nos institutos politécnicos. Ou seja é garantido este novo modelo de formação para sete anos e depois….vazio. 
Nada se conhece sobre o futuro dos institutos. Sabe-se, isso sim, que os ditos cursos são para arrancar em Setembro. Ou seja, sem se saber qual a base de recrutamento para os referidos cursos. Sem se saber que estrutura curricular os suporta. Sem se saber se os cursos resultam de necessidades regionais ou serão impostos pela esquadria da recessão. Sem se saber, o mais importante no momento para qualquer jovem, quais os interesses do mercado de trabalho e da qualificação das pessoas. 
Não restam dúvidas, falhadas as tentativas de fusões com universidades, o governo decreta o fim dos institutos politécnicos. Aliás já em 2009 o actual director do IPG, Constantino Rei escrevia que «a eventual “fusão” ou integração do IPG (e do IP de Castelo Branco) com a UBI seria o caminho que não conduziria a nenhum destino que não fosse o empobrecimento da Guarda. E questionava sobre as vantagens da fusão para a Guarda. Dizendo o presidente Constantino Rei que ninguém estaria à espera que a UBI encerrasse cursos na Covilhã para os manter na Guarda, ou que desviasse os seus recursos (humanos, financeiros e materiais) para a nossa cidade. Recusada a hipótese de fusão pelo ministro Crato o que resta ao Instituto Politécnico da Guarda? 
Ainda no referido artigo o presidente Constantino Rei estranhava que o programa eleitoral dos candidatos pelo PS à Câmara Municipal da Guarda, não fazia uma única referência ao IPG. Sobre o ensino superior, apenas diziam que se comprometiam a “Lutar pelo incremento do Ensino Superior na Guarda”. Chegando mesmo o senhor presidente Constantino Rei a dizer que em matéria de educação, o programa do PS à CMG era atroz. 
Ora, e voltando ao saber ancestral do povo português, pela boca morre o peixe. 
O senhor presidente do IPG, Constantino Rei que tanto se revoltava com a falta de propostas na candidatura do PS à câmara da Guarda, é o mesmo senhor que foi mandatário da candidatura de Paulo Rangel do PSD, às eleições europeias, prometendo na altura abrir uma delegação na Guarda para deste modo aproximar eleitos de eleitores. Alguém sabe onde fica tal delegação? 
E, não foi este mesmo senhor mandatário do senhor Álvaro Amaro à camara da Guarda? Então ontem tanto barafustava com a falta de propostas sobre o ensino superior, por parte dos candidatos à câmara da Guarda, e hoje que tem a dizer  à despromoção do IPG, o tal que nas sua palavras faz tanta falta à região. 
Que incoerência benza-o Deus. 
E que dirá o senhor mandatário da proposta do presidente da câmara da Guarda de isentar, de IRC, os empresários que se queiram fixar no interior. Sabe senhor Álvaro Amaro, os portugueses estão fartos de contribuir para o peditório dos benefícios fiscais e outras mordomias para empresários. Fartos dessas formas encapotadas de proteger os mesmos que depois vão pagar salários de miséria. Exige-se, isso sim que defenda uma formação de qualidade que possibilite a fixação de empresas pelo nível de formação dos trabalhadores. Basta de demagogia.

Tenham um bom dia e uma boa semana dentro do possível.

(Crónica na rádio F - 10 de Fevereiro de 2014)